domingo, 7 de dezembro de 2014

JOSÉ SÓCRATES VAI PRESTAR MAIS UM SERVIÇO AO PAÍS?


Tinha prometido a mim mesmo nada escrever sobre Sócrates por se tratar de uma questão, essencialmente, do âmbito da Justiça e, acessoriamente, do domínio dos media ou de uma simples opinião pública de natureza pessoal.

Mudei de opinião face à notícia do "Expresso", de hoje, intitulada "Sócrates quer ajudar país a ser livre". Transcrevo-a: "O autarca de Matosinhos visitou este domingo José Sócrates no Estabelecimento Prisional de Évora, classificando de "cobardes" aqueles que mantêm o ex-primeiro ministro preso. "Um dia ele vai prestar mais um serviço ao país, que é ajudar a fazer a reforma na justiça", afirmou."

Por ora, nada mais acrescentarei. Endosso os comentários à prometida ajuda de Sócrates para fazer a reforma da justiça (?) aos leitores, num país que se debate entre o amor e o ódio  a Sócrates.

8 comentários:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

EXPRESSO 06.12.2014
O que pode acontecer-nos quanto ao Ex- PM
Não estava mesmo nada a querer escrever sobre o nosso Ex-PM. Não! Mas como é um tema tão preocupante para este nosso País já tão agoniado, que vou tentar fazer, que escrevo. E pronto.
Se houve espectáculo a mais ou a menos, desde o avião de Paris até Évora, já tanto se falou e demais mostrou, que é chover no molhado.
Que a nossa Comunicação Social “parece”, “parece” que entrou numa de “sensacionalismo” principalmente as televisões, por certo nem as próprias o podem negar. Parece! Não vi mas li, que até estão, todo o dia a filmar a porta da Cadeia de Évora. Se calhar, estão, mas não vou querer ver, para quê? Mas será que é necessário? Talvez, ou talvez não? Eles lá saberão!
E por certo também sabem as pessoas que mandam nessa comunicação social, se é assim que querem, estão - evidentemente - no seu direito. Talvez pudessem fazer um acordo de mais pacatez? Ou talvez não?
Agora se o Ex-PM, em que da primeira vez votei for um dia culpado, é muito mau para o nosso País que teve um PM que não foi exemplar, que fez o que o comum dos cidadãos nunca pode fazer, e na altura era ele que mandava no Governo, no País.
E se não for provado? E se não for bem assim? Como fica a nossa Justiça? Em que Justiça que já tanto demora, que tanto tempo fica com uma acumulação de processos ditos mediáticos, de pessoas ditas importantes, e que nunca se entende porque demoram tanto tempo e alguns nunca se entende porque ficam a meio da ponte, podemos acreditar? Caso Camarate, caso Submarinos em que vai um senhor do lado de lá, do vendedor do alemão “dentro”, e cá nada! E tantos mais! Tantos!
E ficamos sempre a pensar porque demora tanto, porque tantas vezes se pergunta a mesma coisa às mesmas pessoas. Porque vão tantas pessoas como testemunhas a Tribunais e depois fica tudo adiado? Porque se fazem tantas comissões no Parlamento? Porque anda sempre a nossa comunicação social em correria de um lado para o outro, e de repente, nada de facto acontece. Mas a comunicação social continua a correr, e alguma até vai atrás de um EX-PR para ter sensacionalismos, quando deveria com ele recolher só ensinamentos do seu passado? Porquê?
Augusto Küttner de Magalhães

Anónimo disse...

O Código do Processo Penal em vigor foi aprovado por José Sócrates. Ou seja neste caso as criticas que este faz são criticas a si mesmo.
Isto dá a entender que o estado de desespero do individuo é tão grande que deixou ser racional.

cumps

Rui Silva

adelinoferreira disse...

"Um dia ele vai prestar mais um serviço ao país, que é ajudar a fazer a reforma na justiça"
A frase é apenas a opinião do Presidente da Câmara de Matosinhos e não uma tomada de posição de José Sócrates. Só isso!

Augusto Kuettner disse...

E fica tudo num nim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Nem sim, nem não?

Assim assim?

O usual em certas pessoas!

Rui Baptista disse...

Embora ´sujeita a dúvida, assim entendi o sentido da frase transcrita em itálico no meu post , embora merecedora de uma espécie de nota explicativa deixada no comentário de Adelino Ferreira.

Apenas receio que o presidente da Câmara de Matosinhos assuma o papel de profeta da desgraça de uma revisão da "justiça" que prenda a gente honrada e deixe em liberdade os desonestos. Como diziam os latinos: “Vade retro, Satanas !”

António Pedro Pereira disse...

«num país que se debate entre o amor e o ódio a Sócrates.»
Nada mais falso!
Talvez a maioria das pessoas do país, não o posso provar, mas presumo que sejam muitíssimas, todas essas pessoas não têm nem qualquer réstia de amor nem cultivam qualquer semente e ódio por Sócrates.
Falando por mim, apenas gostaria que uma Justiça competente e isenta fizesse o seu trabalho, em relação a Sócrates e em relação a todos os outros de que se desconfie e haja fundados indícios de terem cometido ilícitos graves.
Mas essa putativa maioria mais ou menos silenciosa dos que não lhe têm nem amor nem odio pouco conta, as minorias activas, de um e do outro lado ocuparam o palco e não o querem largar.

Rui Baptista disse...

Concedo que as palavras amor e ódio a Sócrates não passem de uma espécie de força de expressão da minha parte. Mas de uma coisa, sem necessidade de ser suportada por dados estatísticos , me posso tornar testemunha: sempre que se fala do caso Sócrates, aparecem os seus defensores e os seus detractores. Raramente, ou mesmo quase nunca, surge a indiferença, talvez porque segundo Aristóteles, "o homem é um animal político".

Seja como for, de uma coisa me parece estarmos ambos de acordo (o comentador Manuel Silva e eu) quando ele escreve: "Falando por mim, apenas gostaria que uma Justiça competente e isenta fizesse o seu trabalho, em relação a Sócrates e em relação a todos os outros de que se desconfie e haja fundados indícios de terem cometido ilícitos graves".

Isso mesmo escrevi no início do meu post: "Tinha prometido a mim mesmo nada escrever sobre Sócrates por se tratar de uma questão, essencialmente, do âmbito da Justiça e, acessoriamente, do domínio dos media ou de uma simples opinião pública de natureza pessoal".

"Malgré tout", é, agora, o próprio Sócrates a deitar achas na fogueira para a discussão pública da sua declarada, e apregoada aos sete ventos, inocência num caso de que compete à Justiça o respectivo desfecho. E a experiência da vida diz-nos que é humano o presumível réu declarar, ou mesmo jurar a pés juntos, a sua inocência perante a opinião pública… e os jornais verem neste “statu quo” um maná caído do céu para aumentarem as suas vendas e a televisão as suas audiências.

Como nos legou o humor cáustico de Bernard Shaw, “imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, por fim, acreditamos no que queremos”. Esta é uma condição de que Sócrates não quer abdicar quando defende o seu direito à respectiva presunção de inocência até prova em contrário. E que todos devemos respeitar desde que não cheque ao limite de uma intoxicação da opinião pública de que Sócrates - embora feito uma espécie de Frei Tomás, ao por ela se deixar também enlear com a publicação pública das suas cartas - se pode queixar no que tange a certos meios de comunicação social.

Assim, assiste-se diariamente a declarações de ele próprio ou de interpostas pessoas que o deviam visitar no cumprimento do louvável dever da amizade para com os doentes e os encarcerados. Nunca, por nunca ser, como porta-voz dos seus estados d’alma e muito menos do seu amor clubístico pelo Benfica! Bem eu sei que "não existe cómico fora do que é propriamente humano" (Bergson) mas daí a assistir-se a verdadeiras palhaçadas vai uma fronteira que não deve ser ultrapassada!

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Interessante a volta que dá o ser humano instituído ou seja investido no crédito popular, claro notícias giras sobre aquisições ou especulações de negócios a inocente aventura política e (arroubos a mesma camisola?) nem creio que valha tudo a defesa.

É avaliar para além de promessas caro Rui Baptista a vossa digna resposta.

UM CRIME OITOCENTISTA

Artigo meu num recente JL: Um dos crimes mais famosos do século XIX português foi o envenenamento de três crianças, com origem na ingestão ...