Estudante de medicina e um dos maiores poetas do méxico,
Manuel Acuña deitou por terra a tese de que “é difícil escrever poemas de
amor”. Nocturno a Rosario, um dos seus poemas mais conhecidos, é de uma
simplicidade arrebatadora.
Rosario de la Peña foi a musa de Acuña (de Manuel María Flores, que
lhe escreveu um belo soneto com o título A
Rosario, e de José Martí); a violenta paixão conduziu o poeta ao suicídio,
com cianureto de potássio. Quando morreu as lágrimas corriam pelo seu rosto
cadavérico, segundo reza a lenda.
Elegia a Rosario
Bem, eu
preciso dizer que te
amo,dizer que te
quero com todo o
coração;que é muito
o que sofro,que é muito
o que choro,que não vou
demorar muito,
e o teu grito imploro imploro e falo em nome da minha última ilusão.
e o teu grito imploro imploro e falo em nome da minha última ilusão.
À noite,
quando deito as minhas
têmporas na almofada,e para outro
mundo quero voltar o meu
espírito,caminho muito,
muito,e no fim do
dia as formas de
minha mãe perdem-se no
nada,e tu apareces de novo na minha
alma.
Eu entendo
que os teus beijos nunca hão de
ser meus;eu entendo
que em teus olhos não me devo
ver mais;e amo-te, e em
meus loucos e ardentes
desvarios bendigo o teu
desprezo,amo os teus desvios,e em vez de te amar menos quero-te
muito mais.
Às vezes penso em te dar minha
despedida eterna delir-te das
minhas memórias e fugir desta
paixão;mas se é tudo
em vão e minha alma
não te esquece,que queres que
eu faça grão da
minha vida;o que queres
que eu faça com este meu
coração!;e depois que
seria de mim?
Concluído o santuário,a lâmpada acesa vela-te sobre o altar,o sol da manhã atrás do campanário,espumando as tochas,vaporizando o incensário,e aberta ao horizonte a porta da casa ...
Quero que tu saibas que há
muitos dias que estou
enfermo e pálido de tão pouco
dormir;que já
morreram todas as minhas
esperanças;que as
minhas noites são negras,tão negras e
sombrias que já nem
sei de onde vinha o
futuro.
Que feliz
teria sido viver sob o
mesmo teto.
Os dois unidos para sempre e amarmo-nos os dois;tu sempre apaixonada,eu sempre satisfeito,os dois, uma só alma,os dois, um só coração,e no meio de nós a minha mãe como um Deus!
Os dois unidos para sempre e amarmo-nos os dois;tu sempre apaixonada,eu sempre satisfeito,os dois, uma só alma,os dois, um só coração,e no meio de nós a minha mãe como um Deus!
Imagina que
formoso seria o
nosso tempo!
Que doce e
bela viagem por uma
terra assim!
Eu só sonhava
com isso,minha santa
prometida,e ao delirar
com isso com a alma
inquieta,pensava em
ser bom para ti, não
só para ti.
Deus sabe bem
que isso era o meu sonho
mais belo,o meu anelo
e a minha esperança,a minha
felicidade e o meu prazer;Deus sabe
bem que não
cifrava o meu labor,senão em te
amar muito na casa
risonha que me
cobriu com beijos quando eu
nasci!
Essa era a
minha esperança...mas desde
que os seus fulgores se opõem ao
profundo abismo que há entre
nós os dois,adeus pela
última vez amor da
minha vida!;luz das
minhas trevas,olor das minhas
flores,meu olhar de
poeta,minha
juventude, adeus!
Nota: a
tradução não respeitou a métrica da elegia.
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