Sobre o desdém com que o ministro da Educação e Ciência (MEC) tratou os professores aflitos que se dirigiram ao Centro de Emprego no início do ano lectivo, dada a falta de notícias do MEC, trancrevo o artigo de opinião de Fernando Sobral no "Jornal de Negócios" de 4/9/2014:
Nuno Crato é ministro no tempo e
no lugar errado. É o ministro errado. A sua felicidade teria sido suprema se
tivesse o poder durante a Revolução Cultural chinesa. Aí poderia ter-se tornado
o pequeno ou médio educador de todo um povo. Sem o perigo de alguém levantar a
voz contra a sua clarividência. Lamentavelmente materializou no penoso
Ministério da Educação.
Está a fazer agora o seu pequeno
livro vermelho da educação. Depois dele sobrará o caos. O seu grande objectivo
foi, desde o início, tomar os professores os alvos de todas as culpas do
sistema. Não precisam de se confessar em público. O ministro humilha-os todos os anos,
tornando a sua vida uma canga. O supremo momento de pequeno educador foi
visível nas suas últimas declarações. "Qualquer pessoa tem 90 dias para se
apresentar num centro de emprego, não precisa ir no primeiro dia em que
suspeita que pode vir a ficar sem emprego". Sentado no seu confortável
emprego, para Nuno Crato é irrelevante pedir o subsídio de desemprego hoje ou
daqui a três meses, mesmo sabendo que este será pago a partir do dia em que é
pedido.
Como as colocações não foram
conhecidas a 1 de Setembro, é compreensível o pânico. Mas essa sempre foi a
política de Crato e do Governo: gerir no meio do caos que instala. Sabe-se qual
é a política de Crato para destruir o ensino público (indo o privado pelo mesmo
caminho). Para ele, o ensino não é um serviço público. Por isso deve ser
ligeiramente regulado, seguindo o princípio da necessidade dos consumidores e
da escolha dos estudantes. Assim as escolas providenciam um serviço e os
estudantes são consumidores. A qualidade é determinada pela
"satisfação" destes e dos seus pais. Ou seja, para ele, a educação
não tem de ter um papel cultural para formar pessoas numa sociedade. E um
produto económico, com um valor, e que se coloca no mercado em da
"satisfação" do cliente. Assim sendo, para o pequeno educador, os
professores são os últimos da cadeia
Fernando Sobraql
2 comentários:
http://www.apfn.com.pt/Noticias/Jan2004/050104d.htm
Para contribuir para “a coesão territorial e para a fixação de jovens qualificados no interior do país”, o Governo criou 1.000 vagas, no ensino superior público continental, para bolsas de 1.500 euros para a mobilidade de estudantes.
Destas, atribuiu ao Instituto Politécnico de Santarém 75 vagas, e ao Instituto Politécnico de Tomar 80 vagas, ou seja, no Distrito de Santarém, contíguo ao de Lisboa, o Governo atribuiu 155 vagas.
Uma das questões que se coloca, é se a cidade de Santarém, capital do distrito, que dista cerca de 60 km da cidade de Lisboa, integra parte do território continental desabitado e abandonado que esta medida aparenta visar?
Ou, ao invés, não será este, mais um caso que só as teias da política explicam?
Como é o caso da existência de 2 Institutos Politécnicos num mesmo distrito, caso único no país, e ainda por cima, a poucos km da sua capital.
Por outro lado, será que o úbere Ribatejo, que num mesmo distrito – o de Santarém – averba 15,5 % destas 1.000 vagas, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
Da mesma perplexidade enferma a atribuição ao Instituto Politécnico de Viana do Castelo de 100 destas vagas.
Mas será que o Minho, mais concretamente Viana do Castelo, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
É que, se no alto critério deste Governo, o Minho integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono, então olvidou-se da sua universidade – a Universidade do Minho – pela qual certamente, atenta a preferência dos alunos (e das suas famílias) pelo ensino universitário em detrimento do ensino politécnico, como resulta à saciedade dos resultados a 1.ª fase de colocações no ensino superior, os alunos terão muito maior apetência…
Das 1000 bolsas criadas, o Governo de supetão atribuiu 25,5% das suas vagas com um critério que no mínimo é duvidoso. A não ser que se considere que o interior do país é tudo o que não for em Lisboa, critério este que esbarra com o óbice de ter atribuído as vagas para as bolsas apenas a algumas instituições fora de Lisboa, algumas às portas de Lisboa…
Diz o povo, “que os amigos são para as ocasiões”, espero que não seja o caso, o país está exausto de clientelismo. A questão deve ser aprofundada e o Governo, preto no banco, deve explicar ao país porque em concreto foram estas 12 instituições, de fora de Lisboa, contempladas com estas 1000 vagas, e as demais não o foram, incluindo as instituições de ensino superior público das Ilhas da Madeira e dos Açores.
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/bolsas-1500-euros-mil-alunos-queiram-tirar-cursos-no-interior
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/bolsa-de-1500-anuais-para-mil-alunos-irem-para-o-interior-1668863
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