terça-feira, 9 de setembro de 2014

O garrote da ministra das Finanças às Universidades e Politécnicos


Entre os "professores" da "Universidade de Verão" do PSD, um evento que de universidade só tem o nome que se destina à alegre confraternização de "jotinhas" (jovens que querem ser políticos do PSD quando forem grandes), esteve a ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque. A sua experiência docente é muito reduzida: deu umas aulas na Universidade Lusíada, a escola onde se licenciou e não tem qualquer doutoramento, o que significa que muito dificilmente poderia ensinar numa universidade pública portuguesa. Não sei se algum dia publicou algum artigo científico. E não se pode dizer que os seus alunos tenham estudado e aprendido muito: um deles foi Pedro Passos Coelho, que terminou o curso aos 37 anos, e cujos conhecimentos de Finanças e Economia são o que se sabe.

Pois a senhora ministra, que mentiu aos portugueses no caso do Banco Espírito Santo dizendo que não há dinheiros públicos envolvidos (a troika emprestou a quem? E a CGD, parte do Fundo de Resolução, não é um banco público?), tentou explicar aos jovens candidatos a políticos e alunos daquela "Universidade" o continuado garrote às Universidades e aos Institutos Politécnicos:

Relatou o Expresso on-line:
""Se é possível evitar cortes no ensino superior? Não, nem no ensino superior, nem no resto", afirmou a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em resposta a perguntas dos alunos da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo. 
Sublinhando que "o ensino superior, como todas as outras áreas, vive num país que tem fortíssimas restrições de recursos e deve adaptar-se", a ministra notou que tal não lhe tira importância. Aliás, acrescentou, o facto de ser ensino superior dá-lhe uma responsabilidade acrescida porque se está a falar das elites do país, que "devem ser os primeiros a compreender as dificuldades e a estar do lado de quem as quer resolver". 

Ler mais aqui.

Pois para ela as instituições de ensino superior público, onde nunca houve roubos como houve no BPN ou no BES nem nada parecido com a construção de estádios de futebol inúteis com dinheiros públicos ou sequer com as trapalhadas da Parque Escolar, têm de continuar a encolher como tudo o resto, sofrendo na pele cortes sobre cortes até chegar ao osso, esquecendo que nelas reside a  esperança de futuro do país. Usa a palavra "adaptar-se" como eufemismo de morte lenta das instituições onde se cria e transmite saber. E apenas lhes reconhece o "dever" de "estar do lado de quem as quer resolver [as dificuldades]", isto é, os académicos têm, imagine-se, de concordar com os governantes.

A ministra não faz ideia nenhuma o que é e para que serve o ensino superior (a Universidade Lusíada não lhe serviu, nesse aspecto, para nada). Quer que as escolas superiores  vivam continuamente com orçamentos de miséria, vendo-se impedidas de cumprir a sua missão. E pensa que o papel das "elites", dos professores dessas escolas, é não o de estudar, discutir e criticar, mas sim o de concordar com a ministra.

Fala-se dela para futura líder do PSD e, portanto, candidata a primeiro-ministro. Só se for o princípio de Peter a funcionar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Para contribuir para “a coesão territorial e para a fixação de jovens qualificados no interior do país”, o Governo criou 1.000 vagas, no ensino superior público continental, para bolsas de 1.500 euros para a mobilidade de estudantes.
Destas, atribuiu ao Instituto Politécnico de Santarém 75 vagas, e ao Instituto Politécnico de Tomar 80 vagas, ou seja, no Distrito de Santarém, contíguo ao de Lisboa, o Governo atribuiu 155 vagas.
Uma das questões que se coloca, é se a cidade de Santarém, capital do distrito, que dista cerca de 60 km da cidade de Lisboa, integra parte do território continental desabitado e abandonado que esta medida aparenta visar?
Ou, se ao invés, não será este mais um dos casos que só as teias da política explicam.
Como é o caso da existência de 2 Institutos Politécnicos num mesmo distrito, caso único no país, e ainda por cima, a poucos km de Lisboa.
Por outro lado, será que o úbere Ribatejo, que num mesmo distrito – o de Santarém – averba 15,5 % destas 1.000 vagas, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
Da mesma perplexidade enferma a atribuição ao Instituto Politécnico de Viana do Castelo de 100 destas vagas.
Mas será que o Minho, mais concretamente Viana do Castelo, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
É que, se no alto critério deste Governo, o Minho integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono, então olvidou-se da sua universidade – a Universidade do Minho – pela qual certamente os alunos terão muito maior apetência, atenta a preferência dos alunos, e das suas famílias, pelo ensino universitário em detrimento do ensino politécnico, como resulta à saciedade dos resultados a 1.ª fase de colocações no ensino superior.
Das 1.000 bolsas criadas, o Governo de supetão atribuiu 25,5 % destas vagas com um critério que no mínimo é duvidoso. A menos que considere, que o interior do país é tudo o que não for em Lisboa, critério este que esbarra com o óbice de apenas ter atribuído as vagas para as bolsas a algumas das instituições de ensino superior público que se situam fora de Lisboa, algumas à porta desta capital.
Diz o povo, “que os amigos são para as ocasiões”, espero que não seja o caso, o país está exausto de clientelismo.
A questão deve ser aprofundada, e o Governo deve explicações ao país.
Porque foram apenas estas 12 instituições de ensino superior público, de fora de Lisboa, (3 Universidades e 9 Institutos Politécnicos), contempladas com estas 1.000 vagas e as demais não o foram?
Uma vez que o território nacional é composto por Portugal continental e pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira. De cabal explicação também carece porque é que o Governo apenas atribuiu vagas para estas bolsas em Portugal continental?
Numa análise superficial até se pode entender que esta medida, porque não teve influência nas candidaturas da 1.ª fase, é lançada em momento inusitado. Porém, num juízo mais cuidado, até se pode entender que este é o momento é ideal para, através de “dumping”, recrutar para as 12 instituições selecionadas mais 1.000 alunos, com vaga noutras instituições, explorando à saciedade a debilidade económica de inúmeras famílias portuguesas para as quais 1.500 euros é uma soma importante.
Quiçá, seja até por isto, que as instituições de ensino superior público dos arquipélagos dos Açores e da Madeira não foram comtemplados. Uma vez que, em cada um destes arquipélagos só há uma instituição de ensino superior, ao Governo não é possível tornar mais atractivo economicamente a inscrição numa em detrimento de outras.
Quiçá estas bolsas mais não sejam do que o recrutamento de 1.000 alunos, que tinham vaga noutras instituições, para 12 instituições de ensino superior público eleitas, aproveitando a insuficiência económica de inúmeras famílias portuguesas para as quais 1.500 euros é uma soma importante.
Em suma, tirar a umas alunos para os dar a outras à custa de dinheiros públicos. Mais concretamente, 1.500 000 euros.

bea disse...

Ó D. Maria Luís, por quem é, faça favor de ir ser qualquer outra coisa no PSD (fora de um governo de preferência) e não se acanhe com a gente ninguém fica pior sem si do que consigo.
Pois vá a minha amiga procurar um lugarzinho ao sol, numa esquina à revessa, com um chapéuzito na cabeça - de aba larga que a senhora é branquelas - e depois teremos o gosto de a não ver às marteladas ao que tanto trabalho deu a construir.

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