Na sequência de análise anterior global dou agora informação sectorial sobre a falta de senso da avaliação das unidades de investigação da FCT. Escolhi apenas, de momento, duas "grande áreas", abrangidas por dois painéis: Ciências Exactas e Engenharias.
Os dois gráficos mostram no eixo horizontal o impacto da produção científica (medido pelo FWC, Field Weighted Citations) e no eixo vertical o número de publicações científicas.
Clicar para ver melhor.
Um ponto vermelho no primeiro quadrante significa que um centro grande com muito impacto foi chumbado, levando a uma trágica destruição na área científica em questão.
Note-se que este gráfico não analisa a justiça do processo avaliativo (para isso deveríamos ver artigos por investigador), mas sim o impacto negativo da avaliação em cada área de investigação específica, e nas universidades a que os centros pertencem.
A linhas horizontal em cada gráfico corresponde ao valor médio de publicações dos centros analisados nesse painel: separa centros grandes de pequenos.
Por outro lado, a linha vertical em cada gráfico corresponde a FWC=1, i.e., assinala a média internacional nas áreas de investigação em causa. Retirar o financiamento a centros com FWC>1 implica o fecho destas unidades que realizam investigação de grande impacto quando comparada com a média internacional da área em que trabalham. Não se compreende como é possível decretar o não financiamento de tantas unidades de investigação nestas circunstâncias através de uma avaliação feita à distância, por não especialistas que desconhecem a investigação realizada em Portugal, a partir de um textos, e sem a realização de visitas aos centros. Ainda mais gravoso é quando os centros reprovados apresentam um output científico muito elevado. Nestes casos a investigação do país e das universidades a que estes pertencem, fica seriamente afetada.
Pontos vermelhos (centros chumbados) no primeiro quadrante da área de ciências exactas: CFisUC (UC), CF-UP-UM (Porto/Minho), QOPNA (UA).
Pontos vermelhos (centros chumbados) no primeiro quadrante da área de engenharias: IT (UL), CMUC (UC), TEMA (UA).
Perante isto, é um desplante o chair do painel de ciências exactas, ao fazer uma visita de inspecção a centros que não são da sua área de especialidade (as visitas, por manifesta falta de gente, estão a ser feitas recorrendo a não especialistas!), ter felicitado esses centros por terem passado à segunda fase. Depois de, contra toda a lógica, eliminar sumariamente alguns, acha que é de bom tom felicitar outros que, por enquanto, sobrevivem...
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