sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ver, ler e passear em família

Escola e família devem assumir o dever de educar. Nisso toda a gente estará de acordo. E toda a gente estará de acordo que os miúdos podem ficar beneficiados quando a acção educativa da escola e da família se complementam.

Mas, muito importante, complementaridade não é sobreposição: o dever de educar da escola é um; o dever de educar da família é outro.

Porém, o que acontece é que a família entra na escola e nos assuntos da escola como se fosse especialista em instrução; a escola entra na casa de cada aluno e na relação familiar como se tivesse legitimidade para tanto.

Isto é assim, ninguém estranha, acha-se uma coisa normal.

E, portanto, não podia de estar presente nos manuais escolares (que é e há-de continuar a ser o "verdadeiro" e "único" currículo!).

Exemplo: Num novo manual de História, acabado de sair, "de acordo com as metas curriculares", constam, no final de cada tema, as seguintes sugestões.
Ver [filmes]... em família
Passear... e aprender em família.
Passear... em família
Ler... em família 
Desde que não prejudique os menores, o que as famílias vêem e lêem, que passeios dão, é com elas. Têm até o direito de não ver filme algum, de não ler seja que livro for, e de não passear para lado nenhum.

É à escola que, entendendo que um filme, um livro, um passeio permite concretizar os propósitos instrutivos, cabe providenciar a sua concretização.

Deixarem-se estas tarefas ao encargo das famílias, está-se, obviamente, a contribuir para a criação ou acentuação de desigualdades. Umas famílias podem proporcionar estes bens culturais e outras não.
E, se são bens fundamentais em termos de instrução, têm de ser para todos.

Sem comentários:

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A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...