Mas, muito importante, complementaridade não é sobreposição: o dever de educar da escola é um; o dever de educar da família é outro.
Porém, o que acontece é que a família entra na escola e nos assuntos da escola como se fosse especialista em instrução; a escola entra na casa de cada aluno e na relação familiar como se tivesse legitimidade para tanto.
Isto é assim, ninguém estranha, acha-se uma coisa normal.
E, portanto, não podia de estar presente nos manuais escolares (que é e há-de continuar a ser o "verdadeiro" e "único" currículo!).
Exemplo: Num novo manual de História, acabado de sair, "de acordo com as metas curriculares", constam, no final de cada tema, as seguintes sugestões.
Ver [filmes]... em famíliaDesde que não prejudique os menores, o que as famílias vêem e lêem, que passeios dão, é com elas. Têm até o direito de não ver filme algum, de não ler seja que livro for, e de não passear para lado nenhum.
Passear... e aprender em família.
Passear... em família
Ler... em família
É à escola que, entendendo que um filme, um livro, um passeio permite concretizar os propósitos instrutivos, cabe providenciar a sua concretização.
Deixarem-se estas tarefas ao encargo das famílias, está-se, obviamente, a contribuir para a criação ou acentuação de desigualdades. Umas famílias podem proporcionar estes bens culturais e outras não.
E, se são bens fundamentais em termos de instrução, têm de ser para todos.
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