segunda-feira, 22 de setembro de 2014

UMA ANALOGIA ERRADA


O físico Eduardo Martinho chamou-me a atenção para esta analogia errada utilizada por Marcelo Rebelo de Sousa no seu comentário televisivo  de ontem.


O Doutor Eduardo Martinho tem razão quanto à falta de cuidado do Prof. Marcelo.  O que este devia ter dito é que ficam, ou melhor podem ficar, efeitos dos raios X emitidos na TAC. De facto, a radiação ionizante, como os raios X, é prejudicial ao normal funcionamento das células ao provocar ionizações. E algumas células podem deixar de funcionar da mesma maneira. A probabilidade que haja uma disfunção relevante no organismo é muito pequena. Entra aqui a noção de risco, ligada à de probabilidade. Eu sei que a TAC representa um pequeníssimo risco, insignificante, perante o beneficio do conhecimento da doença, mas muita gente receia-a. No nosso dia a dia estamos sujeitos a radiação, absolutamente natural, que tem também como efeito a existência de ionizações. Não se deve fazer muitas TAC, para não acumular efeitos da radiação (o fenómeno está bem quantificado), mas há quem não queira fazer nenhuma. Fiquei com a ideia de que o  Marcelo Rebelo de Sousa receia a TAC até porque não deve saber muito bem o que  é. Quando os nossos comunicadores mais mediáticos não sabem suficiente ciência, espalham pseudo-ciência. Julgo que poderemos concluir que o nosso ensino das ciência e que a nossa comunicação de ciência não estão a ser suficientes. 

Na figura seguinte sobre a origem da radiação no organismo humano (clicar para ver melhor) vê-se que o uso médico de raiox X representa o equivalente à radiação vinda do interior do próprio corpo (sim, temos isótopos radioactivos naturais dentro de nós!)  e é muito menor do que a radiação proveniente da exposição ao gás radão, uma substância natural.

1 comentário:

lino disse...

Ó Professor!
Acha que o Marcelo sabe algo de alguma coisa? É que se acha que sim, também deve acreditar na Fada dos Dentes e no Monstro do Esparguete Voador!

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...