Um erro é um erro e não percebo por que é que o ministro Nuno Crato não o viu logo. É algo tão evidente, que só se ele tivesse esquecido toda a matemática que aprendeu e ensinou é que não via.
Transcrevo notícia de há pouco tempo do Observador:
"Segundo o ministro, foi detetado um problema de “compatibilização de
escalas”, que levou a que os critérios em que os professores são
avaliados não tenham sido “harmonizadas como deviam”."
Estas palavras ("compatibilização" e "harmonizadas") são usadas em vez das palavras mais adequadas ("grande disparate" e "asneira da grossa"). Mas mais vale tarde do que nunca: o ministro reconheceu a falha dos serviços que dirige e também, o que é verdade, a má redacção da lei. O seu comentário de que só afectar 1% dos professores é desnecessário: bastaria que afectasse um para ter de ser corrigido. Além disso, quem comete grandes disparates para "pouca" gente também a comete para "muita". Erro ainda é o ministro dizer que os professores já colocados ao abrigo do erro continuarão a sê-lo: eles devem ser substituídos pelos professores mais habilitados que merecem um lugar. Ninguém pode ter um emprego, em desfavor de outro, por causa de uma fraude, ainda que ele não tenha culpa dela. É a decência que impõe isso.
O ministro, para reganhar o direito à nossa consideração, tem ainda de fazer duas coisas.
1) Demitir imediatamente um dos maiores responsáveis pelo erro, Mário Pereira, Director Geral da Administração Geral, que ainda há pouco teimava que estava tudo bem e que, se havia algo errado a culpa ra dos professores. O Director Geral é obviamente incompetente para o lugar e o despacho de nomeação no Diário da República tem afirmações não provadas, como a de dizer que ele "tem competência técnica" e "aptidão". Basta olhar para o currículo anexo para se ver que não tem. Ao pé dle, Mário Nogueira parecia um "génio da matemática". Infelizmente, o Ministério está cheio de funcionários assim.
2) Aprender com a lição e ir ele próprio ver a incompetência que reina nos serviços que ele tutela. Não é só na educação: na ciência, o ministro se quiser ser também ministro da ciência e for ver a confusão que vai pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, perceberá por si próprio o que, no caso da educação, está a perceber, certamente com mágoa sua. Os erros na recente avaliação de unidades de investigação não são menores do que os da colocação dos professores: há quotas escondidas, atropelos aos regulamentos e agora, pasme-se, uma modificação a posteriori de uma tabela que serviu de base à avaliação. O ministro que não venha dizer que os erros só afectam alguns centros de investigação: os procedimentos estão inquinados, existindo um atropelo ao Estado de Direito. Mas mesmo que fosse afectasse apenas um centro já era demais!
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4 comentários:
Há uma diferença abissal entre este erro e o que se passa com a FCT.
Neste caso houve um engano, causado pela incompetência de alguém.
No caso da FCT, e para além da incompetência (que também existe: veja-se a pretensão que na avaliação anterior também teria havido 50% de unidades com Bom ou menos), temos uma operação premeditada e preparada pela actual direcção ao longo dos últimos dois anos com o fim de poder retirar o financiamento a 50% das unidades, independentemente da sua qualidade.
O ministro mente quando diz que o erro só afetou 1% dos professores. Nestas contas o ministro está a meter os professores do quadro que, evidentemente, não concorreram ao concurso.
A Escola Superior de Desporto de Rio Maior cujo custo, em 23 de Março de 2011, já ascendia a 18 milhões de euros…
http://videos.sapo.ao/Z8RBcTU8gvd36nQeTpMf
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=587&id=75308&idSeccao=8151&Action=noticia
Foi inaugurada pelo Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, em 24 Maio de 2013, com um custo anunciado de cerca 13,5 milhões de euros!
http://www.youtube.com/watch?v=_epZTM5R1Io
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
Pena é que o ridículo não pague imposto… pelo alívio que dessa cobrança adviria para as famílias portuguesas.
E isso demonstra bem que não se tratou de um erro mas tão somente uma acção deliberada !
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