Texto recebido de Arnaldo Dias da Silva em complemento das tabelas de entradas de alunos no ensino superior já aqui publicadas:
1 Em primeiro primeiro lugar devemos fazer uma constatação de carácter geral – a baixa
atractividade de todos os cursos da área de Ciências Agrárias;
2 Um olhar mais atento mostra-nos facilmente que esta baixa
atractividade não é uniforme – depende dos cursos e das instituições;
2.1. A situação no ensino superior florestal é
particularmente trágica. Senão repare-se: no que respeita ao ensino
universitário, a casa-mãe - o ISA - teve apenas 3 candidatos,
tantos como a UTAD - únicas Escolas Universitárias no país que
ofereceram este curso em 2014. Nestas duas instituições a situação foi
praticamente igual à que se passou no ano de 2013. Para o confirmar
basta consultar a informação publicada na época.
No que respeita aos Institutos Politécnicos a situação
parece-me francamente pior. Vejamos: das 8 ESA existentes no país
apenas uma – a de Coimbra – ofereceu um curso superior florestal
– teve 4 candidatos. Um verdadeiro desastre!
3 Numa página da internet da
UTAD, surgiu há poucos dias um interessante texto – não assinado – intitulado ”A floresta: uma prioridade nacional”.
Bonito e, porventura, acreditaram os autores
que era um título certeiro. Lá se diz, entre outras coisas, que a
floresta em Portugal tem o maior peso no PIB entre os países europeus e
que os produtos florestais representam cerca de 11% do valor total das
exportações portuguesas – verdades “como punhos”. O texto a que me refiro tem o mesmo título de um encontro
havido em Lisboa no fim de Julho na Fundação AEP e promovido por um
grupo de antigos alunos (da UTAD?) com a presença do actual Secretário de
Estado das Florestas e
do Desenvolvimento Rural.
A ALTRI, empresa de referência na pasta de papel e gestão florestal, titulava – e muito bem, porque certamente a ALTRI
não pode nem quer “dourar a pílula” - o seu recente Relatório Anual Relatório
da Sustentabilidade. Estando a palavra sustentabilidade na moda, não posso deixar de a salientar.
Perante isto pergunto: o que falta afinal para as nossas indústrias
de pasta para papel - o nosso “ouro
verde”, como alguém não há muito lhe chamou – apoiarem
financeiramente os cursos superiores florestais do ISA e da UTAD?
Será humilhante solicitar ou aceitar apoios da indústria –
neste caso indústrias da madeira - ou de outras entidades para o ensino
superior agrário?
Saúdo a AGROS, a maior empresa portuguesa do ramo de
lacticínios, e a FERA (acrónimo de Federação de Raças Autóctones) que
estão em vias de assinar protocolos de apoios financeiros para aqueles que
quiserem cursar Engenharia Zootécnica na UTAD. Saúdo igualmente a
Reitoria da UTAD por acolher esta iniciativa – são importantes e ficam
bem gestos como este.
Caminho idêntico julgo ter seguido a Universidade de Évora aceitando
apoios de empresas e outras entidades para todos aqueles que se candidatem ao
ensino superior agrário. Esta via não é do interesse do sector agroalimentar
nacional? A procura dos cursos superiores enquadráveis no sector agroalimentar
foi pouco mais que nula em Portugal em 2014.
Os grupos (económicos) ligados à produção agrícola nos
novos regadios do Alentejo (olivicultura, culturas hortícolas, milho....) não
teriam interesse no apoio à formação no ensino superior agrário? Gostava de
conhecer outras opiniões.
Arnaldo Dias da Silva
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