segunda-feira, 8 de setembro de 2014

AS VISITAS DOS AVALIADORES DA ESF/FCT

A "avaliação" das unidades de investigação feita pela ESF às ordens da FCT continua sob o signo da ilegalidade.

Em muitas visitas só estão a aparecer três avaliadores, havendo casos em que nenhum deles (repito: nenhum deles) é especialista nos temas científicos investigados pela unidade "avaliada". Quer dizer, como repetidamente tem sido dito, esta não é uma "avaliação por pares", mas simplesmente um procedimento político-burocrático destinado a reduzir, de um modo bastante arbitrário, a investigação em Portugal. Na 1.ª fase foi para metade, na 2.ª fase logo se vê.

 Lembro que o que está escrito no regulamento relativo à 2.ª fase (página 15) é:

 "Each evaluation panel will be composed by 4 or 5 specialists of internationally recognized merit and competence. The constitution of the evaluation panels will take into consideration the number of applications for each scientific area, a good gender balance as well as a fair geographic and institutional distribution of evaluators. The composition of the evaluation panels will be published in the FCT website."

 É isto que não está a ser cumprido.

 Quanto a resultados de "audiências prévias" (repare-se no nome: "prévias") não há qualquer notícia. Entretanto os prejuízos sobre a reputação científica de numerosas unidades estão feitos. A novidade, que não poderá deixar de ser levada em conta no resultado dessas "audiências" é que a produtividade científica de todas as unidades passou para o dobro, pois a FCT corrigiu em Agosto um erro global de um factor de 2 nos ETI(Equivalentes a Tempo Inteiro). Isto é, a produtividade científica da unidades é o dobro do que os avaliadores afirmaram. A reputação da FCT se ja estava baixa com tantos erros e irregularidades baixou ainda mais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Com mais estes factos o que vai acontecer? Tribunal administrativo? Nao vejo outra forma, uma vez que a FCT e o Ministério continuam a afirmar que esta é uma "avaliação" robusta.

Ildefonso Dias disse...

“O ensino superior em países dos mais competitivos é maioritariamente feito em instituições e por professores que não fazem investigação. Ser docente-investigador mediano ou medíocre não é melhor do que ser “apenas” um excelente docente.”[António Coutinho, FCT]

“Na verdade Bento Caraça pertenceu ainda a uma geração que fez a sua própria preparação, no domínio da Matemática, numa época em que as nossas Escolas Superiores estavam inteiramente informadas pelo velho e desastrado conceito de que se pode ser um grande professor universitário sem nunca se ter patenteado, na analise exaustiva de algum problema concreto, a garra ou, pelo menos, o sentido de investigador.”[Ruy Luis Gomes]


Professor Carlos Fíolhais, não só as pessoas do meio cientifico e académico que se sentem tristes e revoltadas com o que está a acontecer, o cidadão comum e consciente também. Ele consegue aperceber-se igualmente da desfaçatez e impunidade daqueles que nos vão fazer retroceder mais de 100 anos.
Se o que Sebastião e Silva escreveu é inequívoco, acerca da necessidade do professor universitário ser também um cientista. O que dizer do depoimento do Professor Ruy Luis Gomes?
Eles, que foram dois cientistas de renome, dos maiores que este país alguma vez teve. O sentimento de impotência e revolta, de desgaste, na luta contra o meio que assombrava esses homens/cientistas é agora vosso; e também é nosso, cidadão comum e consciente. Lutar valentemente contra tudo isto é dever de todos.

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