Durante milhares de anos desconhecemos que estamos rodeados
de bactérias, que também colonizam o nosso corpo. Só depois da invenção do
microscópio e nos finais do século XVII é que a existência de seres
microscópicos foi descoberta. O holândes Antonie van Leeuwenhoek terá
sido o primeiro ser humano a observar microrganismos. Mas ele estava longe de
entender a relação importante que mantemos com eles.
Vivem dentro de nós, na nossa pele, na nossa casa. São
milhões e milhões de bactérias que nos acompanham desde que nascemos, que
influenciam os nossos estados de saúde, de doença, o nosso humor e relações
afectivas.
Esta convivência com seres microscópicos foi alvo de um
estudo agora foi publicado num artigo na revista Science.
No geral, o estudo mostra que cada um de nós vive rodeado por um conjunto de
bactérias que é característico de cada um de nós. É como se para além da nossa
própria identidade tivéssemos um conjunto de bactérias que nos é característico
e que se move connosco.
O estudo mostra que os locais onde passamos mais tempo,
casa, trabalho, estão povoados por um conjunto de bactérias específico a cada
um de nós. Se mudarmos de casa, as bactérias também mudam! O nosso local de
trabalho está repleto de bactérias que estão em íntima relação connosco. Se
mudarmos de trabalho as nossas bactérias acompanham-nos.
O artigo também mostra que partilhamos com os nossos
familiares um conjunto de bactérias semelhante. Quanto mais próxima a relação
mais idênticas são as espécies de bactérias que partilhamos. Há assim, pode
dizer-se, um conjunto de bactérias que fazem parte da nossa família!
A relação entre nós e as nossas bactérias é importante e
decisiva no tratamento e transmissão de doenças. O estudo sugere que uma
alteração no ambiente bacteriano com que vivemos pode influenciar o nosso
estado de saúde. Assim, a caracterização das bactérias que nos acompanham é
importante para uma melhor compreensão e gestão da nossa saúde no século XXI.
Depois deste estudo abrem-se as portas para que num futuro
próximo passemos a possuir uma espécie de boletim microbiano que nos identifica,
o nosso próprio microbioma. Um retrato das nossas bactérias.
1 comentário:
Achei interessante este cartoon que de alguma forma se relaciona com o tema:
http://www.beatricebiologist.com/2014/09/microbiota-attendance.html
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