Na minha outra pátria africana,
não trincávamos maçã nem morango.
O que trincávamos mesmo com gana,
manga verde, encarilado frango,
maçaroca e ácida tcintchiva,
ensinava-nos a descobrir mundo,
naquela terra quente e lasciva,
onde tudo ficava mais fecundo.
Com tostões, comprava-se um mata-fome
e o caju arrancava-se do ramo.
Os esfomeados unhas-de-fome
inebriavam-se, comendo cânhamo.
Era uma pátria cheia de mistério,
que foi pra mim fecundo magistério.
Eugénio Lisboa(Eugénio Lisboa confiou-nos sonetos que iremos publicando. Julgamos que, de entre eles, este é o mais próximo da vontade que manifestaria no dia de hoje por revisitar a sua "outra pátria", a sua pátria... Acaba de sair um livro de sonetos seu na editora Guerra & Paz).
terça-feira, 9 de abril de 2024
LÀ BAS…
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