segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Um soneto de amor

Um soneto de amor vem, na alva espuma

Ou num corredor de ecos, num olhar.

Escreve-se sem pressas, com a pluma

E o silêncio, e quer ser voz e voar.

 

Quase nas trevas, quase sem luz nenhuma,

Entre paredes se escreve ao luar,

Na gélida vertente de uma duna,

Onde já não se ouve o céu nem o mar.

 

Um soneto de amor teima em ser voz.

Busca o ar de um rosto, num corredor,

Enquanto uma lágrima corre a sós.

 

Teima em ser voo, um soneto de amor,

Sobre a alva espuma e sobre o mar atroz,

Quando é tão pouca terra e tanta a dor.

 

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