A estupidez é uma vocação,
como é ser médico ou ser padre:
o estúpido põe muita devoção
na obtusidade e no seu cadre.
Há, no estúpido, muita energia
e uma grande vontade de fazer:
ele insiste, com grande alegria,
no que produz, mesmo sem perceber!
A estupidez é uma forma de génio,
porque é uma grande paciência:
ela nunca abandona o proscénio
e transforma a burrice em ciência!
A estupidez, por nada, desiste
e torna-se imortal porque insiste!
Eugénio Lisboa
NOTA: “A genialidade não é senão uma grande aptidão para a paciência”, disse-o Buffon e, depois dele, disseram-no Edison, Santos Dumont e muitos outros. A estupidez é, visto isso, uma das modalidades do génio. De aí o ter desejado consagrar-lhe este merecido elogio.
13 comentários:
Não está mal como auto-retrato
Olhe que não leu bem: não é autoretrato: é o SEU retrato.
ah ah ah, autoretrato não existe, ó poeta, existe auto-retrato se for contra o A. O. como eu, ou aotorretrato na versão maldita do A.O.. Anda bem que demosntra tão cabalmente a estupidez de que fala.
Sou disléxico e escrevi demasiado rápido. 'demonstra'.
Gostaria de lhe responder, mas não consegui perceber a trapalhada que escreveu, como, por exemplo, essa do "autoretrato contra o autor".. è sempre o mesmo problema, a falta de saber escrever com clareza por se não ter ideias claras. Seja humilde e não apareça em público a exibir uma existência que não tem.. As redes sociais são uma grande tentação, mas são uma tentação envenenada.. A ignorância que se esconde não afecta muito a imagem de quem a possui, mas a que se mostra em público é o diabo. Recolha-se.
Obrigado pelo sábio conselho, sábio anónimo, mas eu não escrevi nada disso. Escrevi "contra o A.O." e a ignorância neste caso é toda sua. Se eu me precipitei na ortografia, o sábio anónimo precipitou-se na sua , ah ah, estupidez.
Quantos se dão conta dos orgulhos e dos preconceitos que tolhem os nossos juízos e nos condicionam imenso no processo de observação, compreensão, de seleção de alvos e de análise crítica, mormente no que respeita a autores, pensadores, comentadores e atores sociais, em geral, para não dizer político-partidários e militantes partidários, em particular?
Quantos se dão conta da falta de formação e de instrução e de leitura inteligente e discutida, numa abrangência suficientemente plural e geral (universal de universidade), sem cedências a monolitismos, presunções, água benta e caprichos individuais, que deita a perder a visão para além do próprio nariz, ou do autodidactismo, por maior que seja?
Quantos militantes, por ex., comunistas, se dispõem a ler e a interpretar, sem ser através das lentes da sua perspetiva ideológica e do seu preconceito político-social, com base numa cassete, ou catecismo, simplificador e demolidor, mais ou menos adotado e intelectualmente assimilado, algum autor que não esteja catalogado “pelo partido” numa preconcebida matriz ideológica?
Quantos militantes, por ex., católicos, se dispõem a ler e a interpretar, sem ser através das lentes da sua perspetiva ideológico-religiosa e do seu preconceito político-social, com base numa cassete, ou catecismo, simplificador e demolidor, mais ou menos adotado e intelectualmente assimilado, algum autor que não esteja catalogado “pela igreja” numa preconcebida matriz ideológica, ou “índex”?
Que leitura fazem uns dos outros, se é que se leem uns aos outros?
Que predisposição de “audiência”, leitura, compreensão, interpretação, por ex. haverá num homofóbico para autores, artistas, pensadores, homossexuais? E vice-versa?
Como é que um católico pode ler, por ex., Saramago?
Como é que Saramago poderia ler, por ex., um autor católico?
Que é que, por ex., um deles pode reclamar para si como um estatuto, ou um mérito, ou um valor, que deva ser recusado ao outro?
Que obrigatoriedade, ou conveniência, pode sentir, por ex., um comunista, de ler S. Paulo, ou Stº Agostinho, ou um católico de ler um ateu militante?
O que é que está na base da atenção e do respeito que devemos uns aos outros?
O que é que está na base da atenção e do respeito que temos uns pelos outros?
É muito interessante e edificante quando assistimos a uma manifestação de cultura e de luta e de revolta que reúne muita gente, sem sabermos qual é a sua “identidade”, seja de filiação, ideológica, partidária, religiosa, étnica, nacional, clubística, regional, bairro, musical, gastronómica, seja de género, orientação, preferência, de qualquer ordem, por uma causa comum, por exemplo, de respeito por um direito, ou por uma resposta política.
Quero agradecer ao Dr. Carlos Ricardo Soares, a civilidade e extrema educação dos seus comentários aos meus textos, o que é algo de invulgar. Normalmente, quem se aproveita deste palco que dão as redes sociais é, com raríssimas e honrosas excepções, gente que não tem outro palco para exibir a sua ignorância atrevida e só mostra uma irresponsável falta de respeito pelos que sabem um pouco mais. É isto que faz, das redes sociais, um vazadouro de insultos, idiotices e má fé argumentativa. A estes senhores fiz uma jura de não responder porque não merecem resposta. Só lamento que se aproveite este potencial de divulgação de conhecimento sério, que são as redes sociais, para se desorientar os jovens, com as inépcias e as certezas que a ignorância alimenta. A esses, não respondo nem responderei. Porque eles não buscam o conhecimento - e, para isso, até é útil a divergência civilizada - mas sim uma exibição sem qualquer nível intelectual e um baixíssimo grau de verdadeira cidadania. Sei de blogs muito interessantes que se fecharam à entrada de comentários, por motivos de higiene intelectual e ética. É no que acaba por resultar a ignorância e a patetice atrevidas. Em suma, caro Dr.. Carlos Ricardo Soares, muito obrigado pelo seu exemplo de pessoa com instrução, educação e maneiras. A julgar pelo que para aí se vê, pessoas como o Senhor pertencem a uma espécie em vias de extinção.
Eugénio Lisboa
... perdoem-me a preleção moralística, é que vocês não sabem, não o podem saber, o que é ter olhos num mundo de cegos, não sou rainha, não, sou simplesmente a que nasceu para ver o horror, vocês setem-no, eu sinto-o e vejo-o, e agora ponto final na dissertação, vamos comer.
José Saramago
Ensaio sobre a cegueira
RESPOSTA AO VERBETE ANTERIOR
UM PLANETA POUCO SELECTIVO
O mesmo planeta que nos deu Newton,
o qual nos ensinou como se cai,
quis meter dentro do seu canon
gente anónima do Paraguai.
Newton, ao lado de Ildefonso Dias,
não lembrava, digamos, ao diabo!
Pois, se Newton concebeu teorias,
Ildefonso só desejou ser nabo.
O nosso planeta foi muito promíscuo,
no modo como se fez povoar:
de um lado, um Ildefonso conspícuo,
doutro, um Newton, discreto, a calcular!
É assim como produzir uma mistura
de ciência com acupunctura!
José Pedro de Oliveira Tejo, professor de Física e Química, há muito reformado, poeta, músico e ex-passageiro do vapor PÁTRIA.
Mais um saramagofóbico.
... e agora ponto final na dissertação, vamos comer.
Boa ideia!
JPOT
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