e fez uma viagem do caraças.
O balão não servia pra espião
e nem o Tom estava para graças,
dentro do balão que o transportava,
de terra em terra, só pra conhecê-las,
vistas do ar. E o que importava
era conhecê-las e não comê-las!
Pois, se agora a China lança balões,
para espiar a terra do Tom,
dando enviesadas explicações,
já não apetece comer bombom,
dentro do balão que nos transporta,
em boa paz, prá cidade da Horta!
Eugénio Lisboa
Peço ao Onésimo que me não leve a mal meter a Horta neste soneto sobre balões e espiões, mas, rima, a quanto obrigas!
5 comentários:
O Eugénio Lisboa, numa safra poética muito criativa, trouxe-me à memória a expressão "Ó patego, olha o balão!" que se usava popularmente, senão em contextos de brincadeira de recreio, ou alarme para as distrações de feira, em que muitos ficavam sem o barrete ou a carteira, pelo menos, para alertar para o facto de se estar a dar demasiada atenção a algo que o não merece.
A ideia de vivermos num tempo de pategos, em que o normal é ser patego, até seria divertida para muitos carteiristas, mas já não são os pategos que olham para os balões, são as forças aéreas mais avançadas, e isso é uma curiosidade que faz de nós ainda mais pategos.
O Eugénio Lisboa faz sonetos do caraças.
Eu cá prefiro ser comó Miguel Torga: "brevidade e concisão", "acutilante e certeiro" num "mundo de contradições". Só assim se consegue profundidade. Depois, "transfiguro o meu pranto e sou poeta". De onde eu teria tirado isto, Dr. Eugénio?
Estou a lê-lo à distância, num balão chinoca e a comer bombons. Ah,Ah,Ah!
Eu sei, eu sei, Carlos Soares, estou a dar demasiada atenção a quem não merece...
Ah,Ah,Ah
Caro anónimo, como eu compreendo a sua reacção negativa ao meu soneto! É humano! Mas, pelo seu lado, deve compreender que o meu soneto foi feito a partir das minhas convicções, que são tão respeitáveis como as suas.. Se eu tivesse as suas convicções, outro seria o soneto! Mas olhe que tudo se pode arranjar. Ficaria assim e aqui lho deixo para sua fruição:
TEMPO DE BALÕES
O Tom Sawyer andava de balão
e fez uma viagem do caraças.
O balão não servia pra espião,
e nem o Tom estava para graças,
dentro do balão que o transportava,
de terra em terra, só pra conhecê-las,
vistas do ar. E o que importava
era conhecê-las e não comê-las!
Mas se os yankees mandaram satélite
para a deveras pacífica China,
esta, para evitar endocardite,
.ripostou em balão de adrenalina:
tudo muito inocente e sem carnificina,
nem escondida nitroglicerina!
Diga lá que não tenho fair-play! Pois se até encomendei o soneto à imagem dos seus gostos!. Espero de si uma recíproca compreensão.
Eugénio Lisboa
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