terça-feira, 8 de junho de 2021

Professores para quê?

Face à manifesta desvalorização da escola, que redunda numa séria tentativa de a dissolver com tudo o que lhe dá forma e sentido, justifica-se plenamente a pergunta que o filósofo francês Georges Gusdorf usou como título do seu livro de 1963: Professores para quê? Desenvolvo a ideia num texto publicado hoje no Portal dos Jesuítas em Portugal (ver aqui).

3 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

Infelizmente, por mais importância que, no plano dos princípios, possa ter o professor, no plano dos factos, a sua função está definida, como agente de formação numa área específica de conhecimento, cujo objectivo final é avaliar e classificar. E é aqui que tudo se converte/perverte num problema maior, que não é da responsabilidade do professor, mas da lógica inerente, que torna a avaliação e a classificação como um "produto" altamente apetecível na óptica do mercado. Os professores não podem fazer nada contra isto. A esperança que alguém deposite na escola ou nos professores não está à guarda destes.

Anónimo disse...

A desvalorização da escola é clara e manifesta aos olhos daqueles que a frequentam todos os dias, com máscara na boca - mas sem palas nos olhos! -, e na linguagem decadente de certos "cientistas da educação" ao serviço do Estado que, nos últimos anos, nos têm brindado com autênticas pérolas de eduquês como são as Aprendizagens Essenciais, a Escola Inclusiva, o Plano de Recuperação das Aprendizagens (Essenciais), as Provas de Aferição, a Valorização dos Exames em 30 %, as Escolas C+S e EB 1,2,3 + JI + S, o Ensino/Aprendizagem por Objetivos, por Metas e por Competências, a Flexibilidade Curricular, etc.
Assim, com esta contradição entre o discurso gongórico e "científico", comunicado pela tutela aos funcionários operacionais, e a realidade nua e crua da escola, onde o ensino de qualidade e as aprendizagens essenciais são todos os dias queimadas no altar do sucesso educativo para todos e para já, o pseudo bem-estar que se vive na escola é, realmente, um mal estar profundo. Evidentemente que, para alimentar esta farsa, o número de professores é manifestamente exagerado.
Não vejo uma terceira via para resolver os problemas criados pela lei do sucesso educativo para todos, mas se os senhores que mandam na educação não considerassem um dogma a afirmação de que somos todos uns bons selvagens, principalmente quando estamos fechados na escola, abria-se a possibilidade de chegarmos a uma solução racional.

escolas para quê? disse...

Professores para quê? Pois não sei.

Aconselho vivamente a todos os professores a pertencerem a uma ordem qualquer. Qualquer uma serve, caso contrário, nunca chegarão a lado nenhum, mesmo que tenham todos os sonhos do mundo. Lambam botas. Fundamental! E calem-se às câmaras municipais que, com os seus capangas, se impõem como gente grande no trabalho dos professores, enquanto as barulhentas, invasivas e desrespeitadoras obras ao espelho das eleições, dentro das escolas, em pleno tempo letivo, se arrastam vagarosamente pelos ouvidos e janelas das salas de aula sem ninguém a supervisionar a alarvidade institucional. Partem cozinhas, chão, paredes, de berbequim em punho, nos espaços contíguos a salas de aula em funcionamento. Se alguém denuncia, leva com um EE manhoso a fazer problemas diários ao docente denunciante. As coisas a que se assiste no percurso da docência são de bradar aos céus, sendo que não mora lá ninguém.

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...