domingo, 13 de junho de 2021

O DESPOVOAMENTO DOS CENTROS DAS CIDADES.

Novos poderes económico-financeiros com as suas "dinâmicas" uniformizadas e uniformizadoras, muito bem acolhidos pelos poderes políticos, têm-se apropriado das cidades, de umas mais do que de outras. São os centros históricos os mais visados: os residentes vão saindo de livre vontade ou são "convidados" a sair, as pequenas lojas abrem falência ou deslocam-se para locais mais prósperos, os cafés e restaurantes modernizam-se e, sobretudo, higienizam-se... A alma da cidade esfuma-se e desaparece. 

Foi o que aconteceu a Coimbra. A imagem que guardo das movimentadas baixa e alta conflitua com o deprimente cenário a que estão reduzidas. Eventualmente, são locais para quem aparece por cá, não para quem cá está.

Anteontem, Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa do Direito de Consumo (APDC) falou disto mesmo numa sessão aberta, que pode ser ouvida a partir daqui (de onde retirei a seguinte informação):
No lançamento da plataforma de divulgação de comércio local e produtores agrícolas (Iniciativa Coimbra Comércio) (...) Mário Frota aponta críticas à desertificação da cidade de Coimbra sublinhando a ideia de que “carece efetivamente de ser povoada”. 
O presidente da APDC considera determinante o desempenho dos cidadãos (...) no “despovoamento da baixa e na desertificação dos espaços circo-adjacentes. Acrescenta que ”é fundamental que os conimbricenses tomem nas suas mãos o redesenho da baixa de Coimbra” (...), “as pessoas perderam o hábito de dar vida à cidade que de algum modo também tira vida a quem não a visita”.
Sobre a concorrência do comércio local, diz que é necessário que as pessoas saiam “dos espaços acanhados, viciados, viciosos (…) das grandes superfícies comerciais e reconstruir a cidade no que ela tem de singular”. Grandes superfícies que caracteriza como “grandes catedrais do consumo, aos domingos e feriados” (...)  
Em relação aos comerciantes da baixa que continuam a manter os seus estabelecimentos, apesar de quebras “acentuadíssimas”, afirma ser preciso preciso “tornar Coimbra naquele espaço de sociabilidade” (...) deve voltar a ter “vida, onde vida deve ser imprimida fragorosamente, Coimbra precisa de voltar a ser aquela lição de que a canção fala”. 

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