sexta-feira, 17 de novembro de 2017

"Aprender para concretizar a promessa da educação"


"Os países em desenvolvimento estão longe das grandes metas da aprendizagem. Muitos não investem recursos financeiros suficientes e a maioria precisa de ser mais eficiente. Mas não é apenas uma questão de dinheiro; os países precisam também investir na capacidade das pessoas e instituições encarregadas de educar nossos filhos (...) A reforma da educação é urgente e requer persistência, bem como alinhamento político dos governos, média, empresários, professores, pais e estudantes. Todos têm que valorizar e exigir uma melhor aprendizagem."

Jaime Saavedra (ex-ministro da Educação do Perú, Diretor Sênior de Educação do Banco Mundial).

Foi recentemente publicado o World development report 2018: Learning to realize education's promise (acesso a partir daqui). Da responsabilidade do Banco Mundial, foi elaborado por uma vasta equipa coordenada por dois economistas.

Nele se afirma reiteradamente a existência de uma "crise de aprendizagem" à escala global: muitos milhões de alunos, sobretudo de países mais frágeis, não estão a ser educados "para terem sucesso na vida". Isso significa que, como adultos, as suas oportunidades laborais são menores e auferirão de salários mais baixos.

Ainda que podendo estar na escola vários anos, muitas crianças e jovens, sobretudo as mais desfavorecidas, saem sem conseguir ler e escrever bem como realizar operações matemáticas básicas. A escolarização não significa, portanto, aprendizagem.

Estabelecendo-se, no relatório, uma relação directa entre educação e riqueza, afirma-se que esta crise, acentua as diferenças sociais: é, nas palavras do presidente do Banco Mundial, de ordem "moral e económica":

O relatório apela, pois, aos poderes políticos para que assumam a "aprendizagem para todos" como prioridade nacional. Se isso acontecer, é certo que o problema será minimizado. Em sequência, apresenta três recomendações:
1) Avaliação da aprendizagem, com base em objectivos mensuráveis. Apenas metade dos países em desenvolvimento têm este procedimento que pode ajudar os professores a orientar os alunos, a melhorar a gestão dos sistemas educativos e a concentrar a atenção das sociedades na aprendizagem;
2) As escolas devem ser acolher, de modo igual, todas as crianças. É preciso assegurar as condições de desenvolvimento do cérebro, proporcionando-lhes uma alimentação equilibrada e estimulação precoce. É preciso também atrair professores excelentes e mantê-los motivadas bem como proporcionar-lhes uma formação adequada e facultar-lhes tecnologias que os ajudem a ensinar;
3) Mobilização todos os cidadãos. Envolver e aumentar a responsabilidade das partes interessadas, incluindo a comunidade empresarial, em todas as etapas da reforma da educação, desde a concepção à implementação. 
Há neste relatório tanto de verdade factual como de mistificação, discussão que fica para texto posterior.

2 comentários:

Anónimo disse...

No meu tempo, as altas autoridades do Estado Português consideravam fundamental que todos os cidadãos aprendessem de cor, na escola primária, os nomes das estações por onde passavam as principais linhas de caminho de ferro do país. Eu, sendo um dos rapazinhos de bata branca sentados naquelas carteiras que ainda tinham incorporadas tinteiros de porcelana branca, pensava, de mim para mim:
- Não era preciso obrigarem-nos a aprender isto tudo. Gosto muito de viajar de comboio, mas tenho verificado que, na estação de partida, o meu pai, para ser bem atendido, não precisa de indicar mais do que o destino pretendido.
Numa escola como deve ser, sendo óbvio que os professores devem ensinar e os alunos aprender, tem de haver também matérias para estudar. Mesmo na nossa época de grande desenvolvimento científico e tecnológico, penso que aprender a ler e a escrever ainda não perderam o seu valor original. Claro que não basta saber ler – a seguir é preciso ler...!
Agora, o cavalo de batalha dos especialistas da educação não pode ser a “escolarização para todos” se escola significar apenas um armazém onde se guardam jovens e crianças.
No espaço escolar, trabalhar significa estudar. Se os preguiçosos tomarem totalmente conta da escola, será melhor fechar as portas!

Helena Damião disse...

Prezado Leitor Anónimo
Deixe-me notar que na questão que assinala estão, certamente, implicados especialistas em educação (faltando saber quem eles são), mas não podemos deixar de fora os políticos e as muitas "forças vivas da comunidade".
Cordialmente,
MHDamião

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