terça-feira, 21 de novembro de 2017

As competências sociais dos alunos para o mundo actual

Imagem colhida aqui
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou hoje mais um conjunto de dados ainda referentes à última passagem, em 2015, do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). 

Esse conjunto de dados refere-se à "Resolução Colaborativa de Problemas" (RCP) que envolve capacidades/competências sociais consideradas "centrais para o futuro das crianças e jovens", por forma a responderem aos desafios do mundo atual, em concreto nos contextos de educação e de trabalho.

Nas palavras de OCDE (p.134 do relatório), a RCP implica "o envolvimento efectivo num processo onde duas ou mais pessoas procuram resolver um problema, partilhando entendimentos e dispendendo o esforço necessário para chegar a uma solução, pelo que convocam os seus conhecimentos e mobilizam as suas competências para alcançar a solução".

Foi a primeira vez que tais capacidades/competências foram medidas no âmbito deste programa, iniciado no ano 2000, mas, deste já, a OCDE recomenda aos diversos países que ajustem as suas políticas educativas de modo a darem prioridade ao desenvolvimento das mencionadas capacidades/competências.

Em relação ao nosso país, diz-se no comunicado do Governo (aqui):
"Portugal, com uma pontuação de 498 pontos, integra um grupo de oito países cujos resultados não diferem significativamente da média da OCDE (500 pontos). Embora os [nossos] alunos revelem dos índices mais elevados sobre o trabalho de equipa, os seus desempenhos na Resolução Colaborativa de Problemas são inferiores aos registados em Leitura, Matemática e Ciências."
De notar nesta formulação o paralelismo entre três áreas disciplinares e a metodologia designada por "Resolução Colaborativa de Problemas". Áreas disciplinares e metodologias são, na verdade, distintas.
"Para o desenvolvimento de competências sociais, o relatório destaca a valorização do trabalho em equipa, focando a importância das escolas promoverem de forma sistemática: atividades de comunicação, exposição e argumentação; realização de trabalho prático e experimental; prática de atividade física regular; equipas de trabalho diversas e multiculturais." 
Esta ênfase na metodologia obscurece o conteúdo académico que a escola deve proporcionar.
"As conclusões do relatório validam a aposta do Governo nas políticas educativas em curso: a necessidade de um Perfil do Aluno que valoriza a resolução de problemas, a autonomia e o relacionamento interpessoal como áreas a desenvolver; o investimento na Educação para a Cidadania; o envolvimento dos alunos fomentando a sua participação democrática, patente em medidas como a Voz dos Alunos ou o Orçamento Participativo das Escolas; o reforço do papel da escola fundamental junto das populações mais vulneráveis; a aposta na autonomia e flexibilidade enquanto oportunidade para implementação de metodologias de trabalho de projeto e de trabalho colaborativo entre alunos e entre os professores."
Percebe-se que a tutela forçou em muito os dados constantes do relatório: as implicações que retira para, como diz, "validar" as decisões que tem tomado, não podem deixar de levantar dúvidas a quem compara o relatório com essas decisões.
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O leitor pode aceder ao relatório da OCDE aqui, ao relatório do Instituto de Avaliação Educacional aqui e ao comunicado do Governo aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

nytimes.com
Our Love Affair With Digital Is Over
https://www.nytimes.com/2017/11/18/opinion/sunday/internet-digital-technology-return-to-analog.html

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...