sábado, 17 de setembro de 2016

ENSINO SUPERIOR AGRÁRIO (I)

Texto recebido do Prof. Arnaldo Dias da Silva:

Na primeira parte vou analisar as candidaturas da 1.ª fase aos cursos de índole agrária nas Universidades Portuguesas, tomando sempre em linha de conta que à mesma área de saber podem corresponder cursos com designações diferentes. Assim, à Engenharia Zootécnica também se chama Ciência e Tecnologia Animal,  à Engenharia  Florestal também se chama Engenharia Florestal e dos Recursos Florestais, à Engenharia Agronómica também se chama simplesmente Agronomia ou, mais raramente, Ciências Agrárias.  Restam os cursos de Enologia, Medicina Veterinária e Arquitectura Paisagista que não têm outros nomes.

Comecemos exactamente pelo fim desta lista que tem razoável dimensão.  A Arquitectura Paisagista apresenta uma estranha surpresa a Norte. Assim, a Universidade do Porto (Faculdade de Ciências) teve um taxa de cobertura de 100%, ou seja, apresentou 20  lugares a concurso e recebeu 20 candidat(a)os.  Não encontramos explicação lógica para o que se passou dado que a Arquitectura Paisagista "nasce" natural e tradicionalmente nas  Universidades com cursos de Agricultura - haverá um outro motivo?... De facto, tudo o que é preciso de base para iniciar um curso de Arquitectura Paisagista existe nas Escolas Superiores de Agricultura.  Será preciso fazer tudo de  novo?

A casa-mãe - o  Instituto Superior de Agronomia (ISA), para 20 lugares oferecidos recebeu 9 candidatos o que  significa uma taxa de procura de apenas 45%.  Alguma coisa parece estar mal...

 A Universidade de ÉVORA ofereceu 25 lugares e teve a oferta de apenas 5 candidatos, isto é, uma taxa de procura ainda menor - de apenas 20%.    Na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro (UTAD), a situação deste curso foi um pouco melhor: houve uma oferta de 20 lugares e uma procura de 8, ou seja, 40% de ocupação.
 
Já nos 4 cursos de medicina veterinária no ensino público (Universidade de Lisboa, Universidade de Évora, UTAD e Universidade do Porto) a situação foi bem diferente.  Todavia, antes de prosseguir, quero lembrar que além destas Universidades, há mais duas Universidades Privadas que oferecem este tipo de ensino (em Coimbra e em Lisboa).    Sobre estas Escolas por agora não me pronuncio.   
 
Nos cursos de medicina veterinária pública houve 100% de procura!    Total de alunas e alunos inscritos: 325!     Estão  incluídos os 15 alunos que completam os 2 anos preparatórios na U. dos Açores.
 
É inevitável fazer aqui uma pergunta hoje em Portugal - que vai fazer toda esta gente e os que lhes antecederam nos últimos anos licenciada elas universidades públicas - pagas pelos contribuintes...- em MEDICINA VETERINÁRIA?     Ocupar lugares públicos (mais?) ou EMIGRAR como muito bem  cantava Manuel Freire em meados dos anos 70 ou durante os anos 80 do século XX?)
 
O curso de Enologia é apenas oferecido pela UTAD.   Ficou completamente preenchido - 40 lugares.  Parece sinal firme de que este curso está perfeitamente consolidado.

Olhemos agora para Agronomia com este ou com nome equivalente.  A Universidade de Évora teve uma taxa de ocupação de 65% (40/25).   A UTAD teve uma taxa de ocupação de 70% (21/30). A Universidade de Lisboa (ISA\ teve uma taxa de ocupação de 100% (50/50).  A Universidade do Algarve pode dizer-se que teve uma procura residual - 2 candidata(o)s para uma oferta de 20 lugares!   Tendo em conta a rede de novas estradas que hoje temos, creio não ser difícil que a Universidade de Évora cubra as necessidades do Algarve em agrónoma(o)s ou em  arquitectos paisagistas

Analisemos agora o que se passou em Engenharia Zootécnica da UTAD ou o seu equivalente na Universidade de Évora - Ciência e Tecnologia Animal. A Universidade de Évora apresentou um taxa de ocupação de 71%, a UTAD 30% (10/30) e o ISA 100% (35/35).

Deixei para o fim o curso que até há bem pouco tempo se chamava simplesmente  SILVICULTURA e que hoje tem diversos nomes. Vou adoptar o de ENGENHARIA FLORESTAL. Este curso - com designação de Engenharia Florestal ou outra  similar não existe em nenhum dos Institutos Politécnicos em Portugal - não sei explicar porquê.

Existe (apenas) em 2 Universidades.   A UTAD teve 3 alunos inscritos para uma oferta 30 lugares. No ISA este ano as coisas foram algo diferentes de um passado recente. As vagas totalizavam 20 lugares.  Houve 20 candidat(a)os, ou seja, foi preenchido a 100%.

Todavia, tal como disse acima a propósito do curso de Arquitectura Paisagista no ISA, parece que alguma coisa vai mal... Queria lembrar que em 2015 no ISAo número de candidatos a Engenharia Florestal nem chegou a 6!  Houve apoios para frequência deste curso no ISA e faltaram apoios na UTAD?

ARNALDO  A. DIAS DA SILVA                                       

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