domingo, 11 de setembro de 2016

O terror de se apagar "o terror da guerra"



Phan Thị Kim Phúc, a menina de nove anos que, com outras crianças em desespero, corre nua em direcção a nós, personifica o sofrimento em estado puro que a guerra tem o poder de provocar.

A fotografia que Nick Ut captou com a sua câmara há quarenta e quatro anos no Vietname, interroga-nos cruamente sobre a condição humana, a nossa estranha matriz, que nem sempre somos capazes de reconhecer e que muitas vezes repudiamos.

É "o terror da guerra" que se vê nesta fotografia, assim intitulada, e também a incapacidade de (nos) compreendermos... Isto aliado à sensibilidade, à delicadeza que se intui no olhar do fotógrafo, tornou-a numa das imagens mais belas e mais terríveis da contemporaneidade.

Portanto, temos de a conservar na nossa memória colectiva e individual.
Melhor, temos de pugnar para ela não desapareça dessa dupla memória.

O politicamente correcto que cada vez mais se vê aliado à histérica perseguição de indícios do "mal" fez apagar de uma certa rede social planetária uma publicação que incluía a fotografia em causa. Aos protestos que se seguiram responderam os seus responsáveis que têm por objectivo "manter uma experiência segura e respeitável para a nossa comunidade global" e, ainda, "reconhecemos que essa foto é icônica, mas é difícil criar uma distinção entre permitir a fotografia de uma criança nua num caso e não em outros". É a sua "política de nudez".

Eu digo, é o terror de se quer apagar, neste caso, o terror da guerra.

2 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

Só me parece estranho este artigo a 11 de Setembro, quando a memória exige uma homenagem àqueles seres humanos ( meninas, crianças porquê? Isso sim, é demagogia, adulto sofre tanto ou mais que criança) que se atiravam do alto das torres em brasa ou já feitos em torresmo, no mais recente genocídio e que não foi obra do politicamente correcto nem da "histérica perseguição de indícios do "mal". Wrong day.

Graça Sampaio disse...

Muito bem! Muito bem! Concordo em absoluto! Parabéns por este texto!

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