quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A luz na revista infanto-juvenil do Montepio VOA

Minha entrevista à revista infanto-juvenil do Montepio VOA a propósito do Ano Internacional da Luz:

CIÊNCIA DIVERTIDA O PROFESSOR TEM MUITOS LIVROS QUE FALAM DE CIÊNCIA DE FORMA MUITO FÁCIL. PROCURA NUMA BIBLIOTECA A COLEÇÃO «CIÊNCIA A BRINCAR» DA EDITORIAL BIZÂNCIO.

CARLOS FIOLHAIS, UM FÍSICO INVEJÁVEL

 O professor e físico teórico Carlos Fiolhais é uma das mentes iluminadas por detrás do Ano Internacional da Luz em Portugal. Fala de ciência com uma alegria contagiante e diz que fomos todos cozinhados nas estrelas.

Qual é a importância do Ano Internacional acesa, só se for assim num local da Luz?

 A luz, visível ou invisível, é o nosso meio de relação com o mundo. Praticamente tudo no planeta funciona com a luz visível do sol. Já a luz invisível faz funcionar os telemóveis, o wi-fi, os rádios e os raios X. Este é o Ano Internacional da Luz que se celebra para termos consciência disso. É também o ano das tecnologias da luz. Ninguém vive bem num sitio escuro, e felizmente, hoje é possível, de forma muito económica, colocar num local onde não há rede elétrica uma célula fotovoltaica com uma bateria, para guardar a luz solar, e à noite devolvê-la com uma lâmpada LED e uma garrafa a servir de lente.

 A poluição luminosa é um problema?

 Um dos problemas é não permitir ver as estrelas. O Ano Internacional da Luz está a apoiar reservas de escuridão (Dark Sky) onde ninguém pode ir com luz para além daquela que ilumina o caminho. Por outro lado a luz precisa de ser produzida, vem da eletricidade das centrais eléctricas, o que é caro e poluente. Num mundo sustentável não podemos desperdiçar luz nem eletricidade.

O futuro da iluminação está nos LED? 

O mundo está a fazer uma transição de lâmpadas com filamentos incandescentes, para lâmpadas LED, que não aquecem e poupam energia. O futuro parece estar nos LED, mas a ciência ensina-nos que, 11 quando estamos descansados a viver uma invenção, de repente surge outra melhor. O futuro está nos laboratórios.

Espaço-tempo e matéria-energia são exemplos de duas coisas que afinal são uma. O maior avanço da física é o uso do hífen? 

Os físicos gostam de hífens e de ligar o que está separado. Temos tendência para a união porque a Natureza é assim, parece que há uma unidade escondida. Todos os avanços que fizemos na ciência revelam que por detrás das aparências há uma ordem. Quando se casou a eletricidade com o magnetismo, formou-se o eletromagnetismo (sem hífen) e descobriu-se a origem da luz, uma onda feita através de ações elétricas ou magnéticas.

Qual é a sua mensagem para quem dorme com a luz acesa? 

Recomendo vivamente que desliguem a luz à noite e não é apenas uma questão de economia, considero que o nosso ritmo biológico precisa da escuridão. A luz, quando é demais, cega. Não conheço muita gente que durma com a luz acesa, só se for assim num local com fantasmas. Mas tenho aqui uma mensagem importante: não existem!

Em física, qual é a pergunta mais difícil de responder? 

Várias. Uma vez o Universo começado, o que é que se passou? Estava lá a energia, depois a matéria, mas nós não estávamos. Qual é a origem da vida? Será que o Ano Internacional da Luz também é celebrado noutro lado? Será que há crianças noutros planetas a fazer experiências para descobrir a ciência? Será que há extraterrestres? São boas perguntas. Esta última já foi uma pergunta de ficção científica, hoje é uma pergunta científica.

  «RECOMENDO VIVAMENTE QUE DESLIGUEM A LUZ À NOITE E NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE ECONOMIA, ACHO QUE O NOSSO RITMO BIOLÓGICO PRECISA DA ESCURIDÃO. A LUZ, QUANDO É DEMAIS, CEGA.»

O HOMEM QUE PROPAGA CIÊNCIA

Carlos Fiolhais nasceu em Lisboa em 1956. Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica em Frankfurt, Alemanha, em 1982. É professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra desde 2000. Foi professor nos Estados Unidos e no Brasil. Publicou 42 livros, entre os quais os bestsellers Física Divertida, Nova Física Divertida, Breve História da Ciência em Portugal, e os mais recentes Darwin aos Tiros e outras Histórias de Ciência. É o responsável pelos programas de Educação e de Ciência e Inovação da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

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