Minha entrevista à revista infanto-juvenil do Montepio VOA a propósito do Ano Internacional da Luz:
CIÊNCIA DIVERTIDA O PROFESSOR TEM MUITOS LIVROS QUE FALAM DE CIÊNCIA DE FORMA MUITO FÁCIL. PROCURA NUMA BIBLIOTECA A COLEÇÃO «CIÊNCIA A BRINCAR» DA EDITORIAL BIZÂNCIO.
CARLOS
FIOLHAIS,
UM FÍSICO
INVEJÁVEL
O professor e físico teórico
Carlos Fiolhais é uma das mentes
iluminadas por detrás do Ano
Internacional da Luz em Portugal.
Fala de ciência com uma alegria
contagiante e diz que fomos
todos cozinhados nas estrelas.
Qual é a importância do Ano Internacional acesa, só se for assim num local da Luz?
A luz, visível ou invisível, é o nosso meio de relação com o mundo. Praticamente tudo no planeta funciona com a luz visível do sol. Já a luz invisível faz funcionar os telemóveis, o wi-fi, os rádios e os raios X. Este é o Ano Internacional da Luz que se celebra para termos consciência disso. É também o ano das tecnologias da luz. Ninguém vive bem num sitio escuro, e felizmente, hoje é possível,
de forma muito económica,
colocar num local onde não
há rede elétrica uma célula
fotovoltaica com uma bateria,
para guardar a luz solar,
e à noite devolvê-la com
uma lâmpada LED e uma
garrafa a servir de lente.
A poluição luminosa é um
problema?
Um dos problemas é não
permitir ver as estrelas.
O Ano Internacional da
Luz está a apoiar reservas
de escuridão (Dark Sky)
onde ninguém pode ir
com luz para além daquela
que ilumina o caminho. Por
outro lado a luz precisa de ser
produzida, vem da eletricidade
das centrais eléctricas, o que é
caro e poluente. Num mundo
sustentável não podemos
desperdiçar luz nem eletricidade.
O futuro da iluminação está nos LED?
O mundo está a fazer uma
transição de lâmpadas com
filamentos incandescentes,
para lâmpadas LED, que não
aquecem e poupam energia.
O futuro parece estar nos LED,
mas a ciência ensina-nos que,
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quando estamos descansados
a viver uma invenção, de repente
surge outra melhor. O futuro está
nos laboratórios.
Espaço-tempo e matéria-energia são
exemplos de duas coisas que afinal são uma.
O maior avanço da física é o uso do hífen?
Os físicos gostam de hífens e de
ligar o que está separado. Temos
tendência para a união porque
a Natureza é assim, parece que
há uma unidade escondida.
Todos os avanços que fizemos na
ciência revelam que por detrás
das aparências há uma ordem.
Quando se casou a eletricidade
com o magnetismo, formou-se
o eletromagnetismo (sem hífen)
e descobriu-se a origem da luz,
uma onda feita através de ações
elétricas ou magnéticas.
Qual é a sua mensagem para quem dorme
com a luz acesa?
Recomendo vivamente que
desliguem a luz à noite e não
é apenas uma questão de
economia, considero que
o nosso ritmo biológico precisa
da escuridão. A luz, quando
é demais, cega. Não conheço
muita gente que durma com a luz acesa, só se for assim num local com fantasmas. Mas tenho aqui
uma mensagem importante:
não existem!
Em física, qual é a pergunta mais difícil
de responder?
Várias. Uma vez o Universo
começado, o que é que se passou?
Estava lá a energia, depois a
matéria, mas nós não estávamos.
Qual é a origem da vida? Será
que o Ano Internacional da Luz
também é celebrado noutro lado?
Será que há crianças noutros
planetas a fazer experiências
para descobrir a ciência? Será
que há extraterrestres? São boas
perguntas. Esta última já foi uma
pergunta de ficção científica, hoje
é uma pergunta científica.
«RECOMENDO VIVAMENTE QUE DESLIGUEM A LUZ À NOITE E NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE ECONOMIA, ACHO QUE O NOSSO RITMO BIOLÓGICO PRECISA DA ESCURIDÃO. A LUZ, QUANDO É DEMAIS, CEGA.»
O HOMEM QUE PROPAGA CIÊNCIA
Carlos Fiolhais nasceu em Lisboa em 1956. Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica em Frankfurt, Alemanha, em 1982. É professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra desde 2000. Foi professor nos Estados Unidos e no Brasil. Publicou 42 livros, entre os quais os bestsellers Física Divertida, Nova Física Divertida, Breve História da Ciência em Portugal, e os mais recentes Darwin aos Tiros e outras Histórias de Ciência. É o responsável pelos programas de Educação e de Ciência e Inovação da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
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