terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sobre o Prémio Nobel de 2015

Declarações que fiz ao jornal Observador:

O Prémio Nobel da Física de 2015 premeia a investigação de uma das partículas mais misteriosa do universo: o neutrino. Sabe-se que os neutrinos não têm carga, daí seu nome, mas só desde há 15 anos, com os trabalhos agora reconhecidos, se sabe que os neutrinos têm massa, embora muito pequena. Os laboratórios que revelaram isso foram grandes detectores em minas nas profundezas da Terra, uma no Japão e outra no Canadá. O número de neutrinos recolhidos, por exemplo, do Sol não estava de acordo com as expectativas. Percebeu-se que eles mudavam de identidade no trajecto até à Terra, o que só era possível se tivessem massa. Esclarecida essa questão, permanecem ainda muitas dúvidas sobre os neutrinos. Os físicos querem ir mais além do actual modelo de partículas e forças. A pergunta básica continua: De que são feitas as coisas? Como foram e como são feitas as coisas?

2 comentários:

discurso improvável disse...

Eu acredito no neutrino. O neutrino é um abstinente que sabe com exatidão o valor intrínseco de ser neutrino. O neutrino sabe subsistir às fações mais violentas e, por isso, é um elemento maçador, mas vivo. Que importa ter pouca massa? Se não tem carga... O neutrino assume-se como é: um gato vivo e morto. Não se passa nada, não sofre, não rebenta de alegria, não se agita perante os acontecimentos por muito cósmicos que se revelem. Porque o neutrino passa despercebido, dentro da sua social solidão, como um vagabundo de seres, ausente neles e de todos eles. E dança na brisa de uma insustentável leveza que o salva de ser bom ou mau e está-se nas tintas para os valores só porque não os encontra em lado nenhum.

Respondendo à questão primordial: as coisas são feitas de coisas. O ser em si não é um ser em si, mas em outros. Ser é ser sempre outra coisa. Ser é ser neutrino porque só um neutrino é esponjoso o suficiente para ser o que os outros são. E o que são os outros? Pois são qualquer coisa de indeterminado, de mutável, de obscuro, de nata ou de escória a que o neutrino está imune porque o neutrino é tudo isso sem ser nada disso. O neutrino é o intervalo entre os seres, o que permite aos outros serem alguma coisa, genuinamente, sem lhes limar o formato. Aquele não-ser que flui, pacífico, por entre os dedos de um aperto de mão. O sorriso de Mona Lisa. Não o sorriso, mas o éter do gesto que não chega a comparecer. A forma que se desenha no ar, o campo de todas as possibilidades que nunca se tornam reais porque o neutrino, é, na verdade, um platónico, um idealista inteligente que sabe que tudo morre ao nascer e que o esforço não vale a pena. O movimento de alta velocidade dentro da pedra imóvel. O neutrino levanta-se de manhã, come, bebe, funciona e deixa-se levar pelos hábitos que o confortam. O seu ideal é a pantufa, o cobertor felpudo e o olhar vago como um búzio sem mar. Porque o neutrino não ambiciona ter massa, nem carga, nem nada que o consuma cedo. O neutrino é como as horas que duram só por durar, é a base do relógio branca e vazia, antes das horas e depois delas acontecerem. O neutrino sempre esteve lá. O neutrino é Deus porque não cai.

Anónimo disse...

Importante é descobrirem as curas das doenças mortais.
Mark Margo
www.markmargo.net (site de celebridades e playmates com sessões fotograficas)

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