"O fim do jornal é uma das coisas mais previsíveis do nosso futuro. Os únicos que ainda não sabem disso são os jornalistas”. Gianroberto Casaleggio, 2014 (aqui)Que o professor - uma pessoa - pode, com muitíssimas vantagens, ser substituído por um recurso tecnológico, com ou sem fisionomia humana - esse, sim, verdadeiro e eficaz apoio à aprendizagem - é uma coisa que ouço ou leio todos o dias.
E ouço-a ou leio-a, em demasiados casos, a partir da voz de professores, de formadores de professores e de reputados académicos, que, em geral, também são professores, o que não deixa de ser bastante irónico!
Isso não vai acontecer, isso está a acontecer. A tendência é essa e agrava-se com a cumplicidade de toda uma sociedade anémica no que respeita a pensamento.
Acabo de saber, pela rádio, numa excelente crónica do jornalista João Paulo Guerra, que o jornalismo segue os mesmos trilhos: têm sido concebidos programas para escrever artigos, notícias e opinião. Talvez até, sem o sabermos, já os tenhamos lido e achado objectivos, interessantes, etc.
Fez notar João Paulo Guerra que esta opção merecia uma discussão pública (que tem existido noutros países, mas não no nosso). Sim, claro, que essa discussão deveria ser feita, mas quem estaria em condições de a fazer? Este jornalista, sim, e outros de excelência como ele. Mas, não serão a minoria? Tal como na docência não haverá muitos jornalistas, formadores de jornalistas e reputados académicos, que, em geral, também são jornalistas, a apoiar a substituição? Não sei, não conheço o terreno, apenas pergunto.
E, a ser feita essa discussão, quem a entenderia? No campo do ensino, não vejo que a substituição do professor por "uma coisa" incomode, de maneira particular.
Uma nota final: manietadas estas estas duas profissões - docência e jornalismo -, cujo cerne é a aquisição de informação, a sua compreensão e a crítica, o que será de todos nós?
Deixo a ligação para um artigo de indispensável leitura: aqui.
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