sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Gastão Cruz: Óxido



 
Há muito

Mas num momento a esperança
abandonou-nos, há muito que sabemos:
começo a procurar o sinal do silêncio

passando na garganta de todo o espaço e tempo.


O Tempo ao Espelho

Está diante do espelho o tempo mas nenhuma
luz deixa ver a imagem do

tempo em movimento para dentro

de si mesmo

ele próprio é o espelho e não se vê
Mais nada que não seja a morte da imagem.


Metais


Não sei se o ouro oxida ou se é o ferro
que morre sob a luz quente perdida

a vida dos metais é um enigma
mais denso do que a luz do nosso dia


A cor o brilho a têmpera os distinguem
como núcleos e rastros diferentes

de extintos astros todavia vivos
num tempo agora inútil para quem


não está nele nem sabe se os metais
oxidam a essa luz inexistente:

nebulosa ou cometa apenas brilha
o obscuro lugar onde a luz finda

 

Sem comentários:

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A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...