Os responsáveis da ESF vieram a Lisboa justificar-se da má avaliação que fizeram e a sua auto-justificação não convenceu ninguém. Leia-se o artigo de hoje no Público de Ana Gerschenfeld:
"Os recursos necessários foram calculados com base nesses 50%”, rematou Martin Hynes, responsável máximo pela avaliação do lado da ESF, também presente na reunião. «Se 70% dos centros tivessem passado para a segunda fase, isso teria sido um verdadeiro problema, porque teríamos tido de renegociar com a FCT os recursos externos.» Uma declaração que, talvez ao contrário do pretendido, não parece deixar lugar para dúvidas: o chumbo de metade dos centros de investigação era preferível ao incómodo de uma renegociação do contrato com a FCT."
A súmula é simples: A ESF quer lá saber do sistema científico português. Quer é saber do seu dinheirinho, numa altura em que provavelmente estava muito aflita. A arrogância deles ficou aliás clara quando ameaçou uma jovem investigadora espanhola que se atreveu a fazer uma crítica banal.
No que respeita à FCT, com uma candura que não lhe fica nada bem, a actual Presidente (interina) veio dizer que não foi nada com ela. Mas foi: ela era assessora de Miguel Seabra, o Presidente da FCT de triste memória que ela está a substituir com fim anunciado sem qualquer mudança; mais, ela não teve uma só palavra de protesto quando a comunidade científica portuguesa se levantou contra o despautério. É uma vergonha que a Presidente da FCT não assuma as suas responsabilidades, defendendo a ciência e o país, mas apenas o seu antecessor e a minúscula facção que o apoiava.
Mas as circunstâncias mudaram com as eleições. Tal como Miguel Seabra, Nuno Crato está a arrumar a pasta, aguardando talvez uma sinecura que Passos Coelho lhe poderá ter prometido pelos serviços que lhe prestou. A pseudo-avaliação da ESF-FCT cairia imediatamente no próximo Parlamento, com a composição que lhe foi conferida pelo voto popular. Nada voltará a ser como foi.
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