Outro poema de Eugénio Lisboa, inspirado pela guerra:
Dá-me, Musa,
do verbo, a indignação,
o verbo bem
duro e assassino,
que alimente
fúria e acção
e oponha
justiça ao desatino.
Dá-me, ó
Musa, o verbo eloquente,
a força
destemida da resposta,
que saiba
opor à fúria do demente
a razão, à
loucura, sobreposta.
Um povo tão
pequeno e destemido,
mal armado e
mal alimentado,
defendendo
um país destruído,
dá tudo o
que tem e o que não tem,
com
desespero augusto e consumado,
e à morte
que vier diz Amém!
Eugénio
Lisboa
Dedico este
soneto à homérica coragem do povo ucraniano, nesta hora histórica, em que se
espera que a infâmia morra às mãos da fisga de David.
1 comentário:
Indignação...
Indigno-me de verbos e ações
De loucas durezas assassinas
De ambições e tristes razões
Das musas eloquentes e finas
Indigno-me das armas tão nuas
Expostas à fúria e à demência
Indigno-me dos mortos nas ruas
E dos nucleares da ciência
Indigno-me com força destemida
Contra os lobos que alto uivam
Por noites cheias de luas sem vida
Indigno-me da morte sobreposta
No tempo histórico que não muda
E da miséria sempre à mostra...
F.C.
Enviar um comentário