Um poema bem-humorado de Eugénio Lisboa:
A ILFONSÍADA
(Curto poema épico dedicado ao meu comentadorfavorito: Ildefonso Dias, impecável guardador dos ínclitos saberes de Bento Caraça, Abel Salazar e Lopes Graça, gente que muito admiro, desde a minha remota adolescência).
As armas e os barões apetrechados
com obras mui completas do Caraça,
e com fundos musicais arranjados
pelo mui prestimoso Lopes Graça,
foram, com Ildefonso, navegar
por mares já um tanto navegados.
Ia com eles o Abel Salazar,
garante de saberes amealhados.
O Ildefonso levava consigo,
em aventura espectacular,
e muito à prova de qualquer perigo,
todo o saber de terra, mar e ar.
Caraça, Lopes Graça e Salazar,
neles se concentrava o saber:
antes e depois deles, nem pensar
que houvesse cultura a reter!
Tudo o que no mundo se sabia,
toda a grande cultura do caraças,
que em grandes bibliotecas havia,
era do Caraça, Salazar e Graça.
Eles eram, de Ildefonso Dias,
a fonte generosa do saber,
levado pra longínquas pradarias
sedentas de poder compreender.
Generoso, o Dias aspergia
nobres bocados de Caraça e Graça,
e, Salazar, ele, no final, servia,
mostrando o enorme vigor da raça!
Assim, Dias (Ildefonso) fazia
o que só Vasco da Gama intentara:
levar para muito longe a luzidia
cultura que em Portugal se ousara!
Por esse mundo, Ildefonso troveja,
fazendo despejar toda a cultura
que o mundo não português inveja
e só com gente do caraças dura!
Peço a Ildefonso Dias, homem de vasta cultura (um pouco confusa, mas não é nenhuma exorbitância) humilde e sincera desculpa por lhe oferecer estes modestos decassílabos, por certo indignos de Camões, mas também não ao nível da enormíssima cultura de Ildefonso, toda ela bebida em Caraça, Graça e Salazar (Abel) e só neles (que o resto não faz falta). Se melhor não fiz é que melhor não pude. Mea culpa, mea maxima culpa.
Eugénio Lisboa
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