(Breve nota
introdutória: O nonagenário citado na frase
em epígrafe, é crítico
acérrimo da vitimização do negro, ele
próprio negro nado e criado no bairro paupérrimo de Harlem, tendo-se formado em Economia pela
Universidade de Harvard, doutorado pela Universidade de Chicago, sendo actualmente membro sénior do
Instituto Hoover da Universidade de Stanford e autor de numerosa e extensa
obra sociológica e filosófica publicada).
Começo por
respigar do “Diário de Notícias”, de há dias, a seguinte entrevista de Fernando
Medina, presidente da edilidade de Lisboa, fundamentada numa das suas promessas
eleitorais em erigir, numa praça lisboeta, “um memorial à escravatura”, durante o seu actual mandato.
Revela ele, nesta
entrevista, a promessa que quase coincide em tempo com a destruição selvática por parte de energúmenos
de estátuas em várias cidades do mundo, nomeadamente no
nosso país de “brandos costumes”, como
aconteceu com a estátua do Padre António Vieira perpetrada por autores
conotados com a extrema esquerda em “vandalismo
ignorante”(Medina).
Até concedo que os seus autores materiais, ao serviço de cérebros maquiavélicos sejam ignorantes, mas não me atrevo em chamar ignorante à deputada
Joacine Moreira ( com chancela
académica universitária portuguesa ) quando faz constantemente ataques racistas a um Portugal que a acolheu e catapultou para
o firmamento político português com
benefícios económicos que um pingo de dignidade num vendaval de indignidade lhe aconselharia de abdicar.
Por seu turno,
Mamadou Bu, outro dissidente do Bloco de Esquerda, bolsa em vídeos que publica discursos de ódio irracional com o fel de
libelos acusatórios contra o país que acolheu e lhe dá a comer refeições fartas
enquanto uns tantos nacionais de nascimento
e de coração se sustentam com côdeas de pão duro ou
a ração diária da sopa dos pobres!
Suponhamos,
por mera hipótese, que portugueses de gema, naturalizados guineenses, ocupando lugares de deputados na assembleia
representativa da Guiné, tinham idêntico
procedimento acicatando o ódio contra este país de África. Deixo ao cuidado de
possíveis leitores deste texto a respectiva conclusão que me parece óbvia e
nada abonatória!
De igual modo, não se pode deixar passar em claro ofensas deste jaez, ademais num Portugal que
trata mal os seus antigos Combatentes do Ultramar e os navegadores de antanho
que deram novos mudos ao mundo , em versos pessoanos: “’Ó mar salgado quanto do
teu sal / São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram! /
Quantos filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar!!”
“Last bu not
least”, em nosso tempo no que respeita
ao ataque terrorista perpetrado numa povoação do Norte de Angola (1961), em que foram chacinados centenas de
civis portugueses brancos e negros indefesos, não tenho
conhecimento de qualquer intenção em erguer em sua memória qualquer símbolo
modesto, ainda que o simples nomear de uma
rua ou simples ruela a assinalar esta triste e criminosa efeméride.
Perdura este
trágico acontecimento, apenas, gravado em memória indelével dos que escaparam a
esta matança tiveram familiares que nela perderam a vida ou dela apenas tiveram conhecimento através da
frase enérgica de Salazar que ficou na história por ela ser, segundo Paul Ricorur,
uma mediação entre o passado e o
presente: “Para Angola, rapidamente e em força". E assim aconteceu!
8 comentários:
Já ia sendo hora de despacharem este apologista do Salazar.
Não sou, nem nunca fui apologista de Salazar, muito menos de Stalin o maior o maior assassino em massa do mui nobre povo russo. Contrariamente, pessoas há que vivem atormentadas pela alma penada de Salazar lhes causa suores frios e medos infantis de papão.
Tenha vergonha, seu cobarde. Identifique-se para que eu o possa despachar a si
Fala-se de Salazar e defende-se com o pai dos povos... ou nao fosse a forma elevada de debater. Oh sr. Batista ainda com essa medida patetica de o "maior" depois do que foi relembrado por estes dias sem grandes ecos nos media "livres e independentes" sobre o "grande estadista" churchil... Repare a grande diferença e os contextos: um respondia a uma agressão externa que nunca parou de queimar desde 1917 e à natural reação interna de quem viu os seus reais ou pseudo privilegios atacados no caso com a coletivizacao das terras; o outro, o estadista (racista, colonialista e pro apartheid) colonizava, oprimia e foi responsável direto pela morte de milhões de indianos. Ai esses critérios e esses principismos. Ainda vai a tempo de mudar de lentes...
Aliás como escreve e eu concordo e, como tal, transcrevo: "Ou não fosse a forma elevada de debater". Gostava que se desse ao trabalho de ler as condições desejáveis para a publicação de comentários exaradas nas alíneas 1) 2) e 3) deste blogue.
Até lá reservo-me o direito de não alinhar em grosserias, se não cumpridas estas condições de civismo. A terminar, transcrevo-lhe versos de António Gedeão: "Onde Sancho vê moinhos / D. Quixote vê gigantes. / Vê moinhos? São moinhos / Vê gigantes? São gigantes!"
Como tal, eu não posso, de forma alguma, alinhar pela sua cartilha em defesa das estepes dos goulags da União Soviética em que foram exterminadas milhões e milhões de russos dissidentes! Enfim, opções em ver moinhos e gigantes!
Deixe recentrar, falaram de Salazar... certo? A que propósito veio o Stalin... Gosto muito dessa forma de debater... só isso, meu caro!
Mas eu também não tenho de alinhar nas suas abjectas e reacionárias conclusões de miséria neoliberal, baseado em academicismo barato e décadas de propaganda dos meios dominados por oligopólios parasitas e da industria de Hollywood. Conheço e não me revejo em tudo o que Stalin e o poder soviético fizeram, em tempo de guerra sangrenta. Houve coisas más, houve. Mas meu caro, como demonstram vários autores insuspeitos, a maioria dos moinhos e gigantes são mesmo fantasia, histórias enviesadas propositadamente escritas para denegrir e suster a crescente simpatia pelos soviéticos com o desfecho heróico da URSS na 2ª Grande Guerra. Leia o discurso do insuspeito Putin de há dias, um nacionalista conservador que nada tem de comunista. Não encontrei nenhuma falha grave nos factos históricos do ensaio e recomendo que o leia na íntegra. Se tiver honestidade intelectual, verá como as fantasias, que são suas e da esmagadora maioria do mundo ocidental, são mesmo fantasias.
“A história leva o seu tempo. Mas a história faz memória” (Gertrude Stein).
A história como ciência pertence por direito aos historiadores, ainda que possa, ocasionalmente ser discutida por simples amadores (aqueles que amam) que se não se devem deixar enredar em perspectivas apenas dicromáticas deixando, como tal, de fora tonalidades cinzentas.
Mais do que isso, aquele que luta por opiniões sérias não deve ser embalado em berço de utopias quais balões em mãos de criança que corre em desatino para os não deixar fugir por ventos soprados do ocidente ou oriente. Isto porque, como escreveu Sophia de Mello Breyner, não deve ser criado, em nome do antifascismo, uma nova forma de fascismo”.
Por eu desconhecer o discurso do “insuspeito” (em adjectivação sua) Putin muito prezaria ser informado da respectiva fonte para não navegar com simples terra à vista num “mare magnum” de simples cogitações sem estrela polar que me oriente.
“Last but not least”, agora me lembro não ter respondido à sua pergunta: “A que propósito vem o nome de Stalin?” Veio ele a título comparativo com o nome de Salazar, ambos políticos cujo nomes não podem ser apagados com a borracha do esquecimento e, muito menos, serem destruídos como o acontecido com as estátuas do Padre António Vieira e de Churchil. Ambas em actos de pura selvajaria!
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