segunda-feira, 29 de junho de 2020

Cerco sanitário a Lisboa, já! E para sempre!

Crónica, sempre sarcástica, de Santana-Maia Leonardo no jornal "As Beiras." Tem, como sempre muita ironia:

O presidente da câmara de Lisboa respondeu ao presidente da câmara de Ovar com a mesma arrogância com que os presidentes do Benfi ca e do Sporting tratam os presidentes dos clubes de província (é este o termo, não é?), quando algum destes tem a ousadia de reclamar igualdade de tratamento. E o argumento é da mesma natureza: Lisboa é Portugal, tal como Benfi ca e Sporting são clubes nacionais, enquanto os outros municípios e clubes são os pequenos clubes e municípios de província, devendo a sua mísera existência e a sua sobrevivência exclusivamente a Lisboa e aos clubes de Lisboa. 

Até o Porto, a segunda cidade portuguesa, é tratada com desdém por Lisboa, sendo Lisboa a capital europeia mais açambarcadora de sedes nacionais da Administração Central do Estado, de órgãos de soberania, de institutos e organismos públicos, de bancos e de órgãos da comunicação social. O próprio FC Porto é tratado depreciativamente como clube regional, como se fosse necessário ter sede em Lisboa para ter dimensão nacional. Que os lisboetas pensem e se comportem desta forma, não estranho! Essa tem sido sempre a sua imagem de marca. Lisboetas e alfacinhas, saliente-se, não são sinónimos. Alfacinha é uma pessoa que nasceu em Lisboa; lisboeta é uma pessoa que se considera mais do que as outras, só porque vive ou foi viver para Lisboa, como é precisamente o caso de Fernando Medina que nasceu no Porto e foi viver para Lisboa. 

O que eu estranho, me indigna e escandaliza é a passividade humilhante e subserviente dos residentes do Condado Portucalense, perante a arrogância, a insolência e a prepotência contínua e sistemática dos governantes do Reino de Leão e Águias. 

Ora, esta era precisamente a altura de os residentes no Condado Portucalense mostrarem a raça de que são feitos (ou será que são da raça rastejante?) e imporem um cerco sanitário à Região de Lisboa, não tanto para conter o surto da COVID-19, mas sobretudo para impedir que os fundos de coesão que vão chegar de Bruxelas, sejam, de novo, açambarcados pelos Xerifes de Nottingham que governam o Reino de Leão e das Águias desde o Terreiro de Paço e do Largo do Município. 

Santana-Maia Leonardo 

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