Na semana passada aconteceu em Lisboa o Encontro Ciência 2017. O Ministro Manuel Heitor retomou em 2016 os encontros nacionais que o Ministro Mariano Gago tinha criado, um espaço para encontro de cientistas portugueses de todas as áreas. Um dos conselhos dados por Alexandre Quintanilha na sessão de abertura, este ano como no ano passado, foi o de que visitassemos as sessões de áreas científicas diferentes da nossa. Que nos actualizassemos sobre as novidades dos demais, que houvesse diálogo entre disciplinas de onde pudesse nascer algo novo e original.
O conselho parece-me excelente, e nesse espírito interdisciplinar convidar um mestre de yoga para intervir na sessão de abertura podia ter alguns pontos interessantes. Infelizmente não teve nenhuns.
Imagem Ciencia 2017
A intervenção começou mal, citando um corpo encontrado de pernas cruzadas e que seria a prova da prática milenar de yoga no nosso país - teoria que já foi rebatida por especialistas na área e que foi apenas defendida pelo dito mestre a um jornalista não especializado em ciência. Daí continuou, alegando poderes curativos tais do yoga que nos permitem abdicar dos fármacos, influência biológica tão profunda que permitiria editar genes, continuando por reinterpretar a teoria da evolução das espécies ou a datação da origem da vida na Terra.
Os disparates foram tantos que durante o intervalo para café eu e outros cientistas e comunicadores de ciência decidimos escrever o que tudo aquilo nos pareceu. O Público publicou o nosso texto no jornal de sábado, também ficou disponível online.
A ciência admite o erro e admite a correcção. Já a desinformação dispensamos.
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