segunda-feira, 17 de julho de 2017

A TEIMOSIA DO GOVERNO NO METROPNEU


O ministro do Plano e das Infraestruturas do governo PS, Pedro Marques, que se distinguiu antes de ser ministro pela sua rápida carreira dentro do partido e depois de ser ministro pela sua passiva aceitação das cativações (ele é o campeão das cativações!), vendo o futuro tremido para o candidato do PS à Câmara de Coimbra, veio a Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra há umas semanas, numa acção de campanha eleitoral (as três câmaras são do PS), anunciar um projecto de "metro-autocarro", a que chamei em artigo no Público "Metropneu". Na altura, quando o ouvi dizer, que já tinha sido feito o "nivelamento a laser do canal" percebi imediatamente que ele não estava a perceber nada do que estava a dizer. De resto, qualquer que seja o palavreado pseudo-técnico, a intenção do ministro em vésperas de eleições de pegar num projecto que se arrasta há décadas, é política. Não é sério, nas vésperas das autárquicas, vir prometer uma obra que tem estado pelas ruas da amargura. É um acto político, na linha política pura e dura de semear ilusões para ter votos, que alguns partidos têm impunemente praticado.

Agora, numa Comissão Parlamentar, o ministro continua "cativo" do canal. Diz que se está a fazer o "desmatamento do canal". Mas revela-se incapaz de responder a dúvidas colocadas pelos especialistas: como é que num cenário de montanha dois autocarros vão passar um contra o outro ao mesmo tempo num canal estreito, ainda que nivelado e desmatado? E como é que os dois autocarros vão entrar e sair no largo de Celas, que é a porta de entrada dos Hospitais Universitários? Ele revelou-se até agora incapaz de afixar o projecto para que ele seja submetido a crítica pública. Estando o projecto no segredo dos deuses, o ministro refugia-se agora em "boas intenções", em intenções piedosas, como as que estão expressas por "servir as pessoas". Mas por que é que o comboio para Miranda do Corvo e Lousã não serve as pessoas? E por que é que o metro em Coimbra, ligado ao metro da Lousã, não serve as pessoas? Serve, com a vantagem de servir melhor. O metro de Coimbra tem de ser separado do problema do comboio da Lousã. São problemas distintos, que têm de ser resolvidos de modo distinto, embora de forma articulada. Para o ministro, o sistema de metro de Coimbra deve apenas servir para levar os lousanenses e mirandenses à Estação Velha? Julgará ele que não trabalham em Coimbra os que desses sítios vêm para cá todos os dias? E, já agora, os conimbricenses não contam? E não fazem deslocações dentro da cidade? E são clientes menores?  O verdadeiro problema é que o ministro não tem dinheiro para investir na província e quer dar apenas umas migalhas, uns autocarrozitos, que servirão  de meros substitutos aos autocarros que já  fazem um serviço incrivelmente mau. Arranjou tão só e apenas uma solução política à pressa, para satisfazer a clientela do seu partido. Esquece-se que, em matéria de planeamento e infraestruturas, os cadernos de encargos partidários são contraprudecentes. Um ministro não pode fazer planeamentos e infraestruturas à pressa para tentar a reeleição de alguns camaradas seus. Os eleitores não são tolos.

2 comentários:

Miguel disse...

os 'especialistas' não sabem como é que os comboios passam "um contra o outro ao mesmo tempo num canal estreito"?

é para rir?

Miguel disse...

e
sim
é solução em cidades bem maiores
http://miguelmaia.tumblr.com/post/163094707919#.WWzDn3rOXqB

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...