quarta-feira, 14 de junho de 2017

A "DESCENTRALIZAÇÃO" DE ANTÓNIO COSTA


O sítio para a  candidatura portuguesa à sede da Agência Europeia do Medicamento ilustra mais uma vez o conceito de "descentralização" de António Costa. Ele bem enche a boca com a "descentralização", mas o que ele faz é centralizar cada vez mais. Os argumentos que ele usou para colocar em Lisboa a dita Agência, onde já se situam outras duas agências europeias, são completamente ridículos. Em primeiro lugar, diz que o Infarmed é lá. Pois, mas o Infarmed e a Agência Europeia já hoje comunicam  e não estão ao lado um do outro (que sentido faz estarem ao lado um do outro nesta era da comunicação global?). Por esse argumento tudo teria de ser em Lisboa pois quase tudo já é lá. Mas, se o problema é esse, então mude-se o Infarmed para Porto, Braga ou Coimbra. Em segundo lugar, diz que é preciso uma escola internacional nova (uma outra escola nova!), como se não se existissem já várias escolas internacionais, que estão longe de se confinarem a Lisboa. E as outras agências que já lá estão precisaram de uma escola internacional nova?

O discurso de António Costa não é a favor de Lisboa e contra o Porto, Braga e Coimbra. É simplesmente contra o país. É inclusivamente contra Lisboa que, quanto mais se enche, mais inabitável fica (eu sou de Lisboa, gosto de lá ir, mas vejo a capital cada vez mais engarrafada). O governo tem uma maioria legítima e pode usá-la como lhe aprouver. Mas não pode falar de descentralização soando a falsidade. Ao fim e ao cabo, apesar da maior habilidade que se lhe reconhece, Costa é um político como os outros. Dizem uma coisa e fazem outra.

2 comentários:

Rui Baptista disse...

Como disse Wood Allen, com o seu humor cáustico, "o político de carreira é aquele que faz de cada solução um problema"! Para não destoar, como escreve, caro Professor,"Costa é um político como os outos!

Anónimo disse...

Como disse Espinosa, no Capítulo I. 1. do seu "Tratado Político" "Relativamente aos políticos, em contrapartida, julga-se que estão mais ocupados em preparar armadilhas aos homens do que em dirigi-los pelo melhor, e pensa-se serem mais hábeis do que prudentes."
F.C.

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