quarta-feira, 28 de junho de 2017

Se as terapias alternativas fossem companhias de aviação


Texto meu publicado na última edição do Expresso:

Imaginemos companhias aéreas alternativas que prometiam transportar pessoas em tapetes voadores, numa “experiência das 1001 noites”. Ou companhias que, em alternativa aos aviões convencionais, ofereciam um voo individualizado, com asas feitas de penas e folhas de bananeira coladas com resina de pinheiro a canas de bambu. Se alguém perguntasse pela eficácia e segurança, respondiam com a antiguidade da prática e com depoimentos de amantes da natureza, acrescentando que os aviões convencionais também caem. Imaginemos que essas companhias conseguiam convencer os políticos a aprovar leis que aceitavam os brevets alternativos. E, mais ainda, conseguiam isentar de IVA as viagens em tapetes voadores ou no “modelo Ícaro”. Pois foi isto mesmo que sucedeu recentemente em Portugal com as terapias alternativas. Em Espanha, o Colégio de Médicos de Madrid acabou com os cursos de terapias alternativas, por falta de base científica. Já antes as universidades de Valência e Barcelona tinham fechado cursos de homeopatia. Entre nós, permitem-se cursos de fantasia e dão-se favores fiscais a tratamentos baseados em magia.

1 comentário:

Cisfranco disse...

Isto só foi possível com um Legislador ignorante. Enquanto a qualidade não for outra tudo se pode esperar...

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