Texto recebido do leitor Augusto Kuettner de Magalhães:
Continuamos todos, eleitos e eleitores, a “fazer de conta” que não vemos o que está à nossa frente. Protestamos nas redes sociais, insultamos, desabafamos muitas vezes sobre o que nada tem a ver com o tema em causa, deixando simplesmente escapar o "animal selvagem” que temos todos, dentre de nós. Mas, se calhar, nada queremos que seja, de facto, resolvido para podermos continuar a protestar uma vez que tudo continua igual.
Queixamo-nos que os políticos, genericamente, não são de confiança, que estão nos lugares procurando eternizar-se neles, mas nada fazermos democraticamente para que tal não continue a acontecer. Quando se aproximam umas eleições, falamos – os mesmos políticos de sempre e os eleitores que neles votam - no que aconteceu nas eleições passadas, em vez de falar do futuro.
Estamos em pleno tempo de “autárquicas”. Alguém voltou a falar do número de deputados na Assembleia da República que deveria ser menor, mas a questão não vai ser, agora, tratada ficará esquecida.
Mas ainda ninguém falou do número excessivo, no século XXI, de Câmaras Municipais, o mesmíssimo número do século XIX. Só que nesse tempo ir do Porto a Lisboa era uma grande viagem, hoje são só escassas horas.
Depois, tenta-se remediar a situação da eternização dos lugares, não permitindo que “alguém” se candidate a vários mandatos na mesma autarquia consecutivamente. Contudo, fazendo um "pousio" pode-se regressar e candidatar-se novamente a essa mesma Autarquia.
E entretanto o candidato mudou de autarquia, sendo Presidente aqui, ali, acolá para regressar, depois, à primeira.
Se necessário for muda de partido político, ou até vai como "independente"! Tudo a coberto da legislação existente que permite que assim se faça! Mas quem faz esta legislação?
E quem a consente? É claro que isto tudo vem da vontade expressa democraticamente pelos eleitores - todos nós - que repetidamente vamos votando nos mesmos.
Ou seja, as culpas são repartidas, dos eleitos que se profissionalizam nas eleições e na política, e dos eleitores que os elegem vezes sem fim. Temos os políticos que queremos e merecemos, nos lugares que eles querem e nós queremos.
Só reagimos nas redes sociais muito deseducadamente, mas todos felizes e contentes, protestando, insultando, ultrajando, muitas vezes anonimamente.
Ou seja, o que deveria mudar de forma democrática e educada, com o “devido” contributo de todos e de cada um – eleitores e eleitos - , afinal não muda por não haver vontade colectiva de mudança.
E é assim que os nossos políticos se se eternizam por todo o lados. Queixamo-nos deles em vez de nós!
A Küttner de Magalhaes
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