domingo, 18 de dezembro de 2016

"Emocionalmente estável"? Só pode ser ironia!

Imagem retirada daqui.
Quando os "espectáculos reais" surgiram na televisão - e surgiram mais ou menos ao mesmo tempo em várias partes do mundo - muitas pessoas terão pensado que não seria possível conceber nada mais degradante para "divertimento" do público. Afinal, estava ali posta em causa a inteligência humana, bem como a privacidade, a urbanidade e outros valores éticos que temos por adquiridos e que, nessa medida, pensaríamos ser, ainda que em aparência, inatacáveis.

Terão também pensado que a razão iria rapidamente repor a ordem. O atentado a esses valores era de tal modo evidente que a própria sociedade reagiria de alguma forma, por exemplo, não vendo esses programas.

Essas pessoas, eu incluída, enganaram-se redondamente. A uma primeira edição seguiu-se outra e mais outra... num crescendo de degradação por referência ao que se tem por "humano". A dignidade, valor supremo, absoluto, que reconhecemos até ao mais vil criminoso, viu-se progressivamente abastardada.

À medida que isso acontecia mais audiências se ganhavam... São as audiências que contam!
Nada mais conta, rigorosamente, mais nada!

Seria, então, de pensar que não haveria fronteiras, até porque, entretanto, a internet abriu novas possibilidades, mercados... Tudo seria de esperar.

E o que seria de esperar está aí, pago por quem tem dinheiro (ver por exemplo, aquiaqui), inclui morte e o que for preciso para sobreviver (fisicamente). E em directo, para nossa satisfação. Fantástico!

Pode correr quem tiver mais de 18 anos, independentemente do país de pertença, e seja estável emocionalmente.

O "emocionalmente estável" só pode ser ironia!

[Qual a razão da imagem, perguntará o leitor: uma sociedade como aquela em que vivemos, que renega a memória colectiva, que impede que as novas gerações conheçam o passado, que as inibe de ter uma atitude crítica por via do conhecimento, é precisamente aquela que vai buscar terrores passados a que não deveríamos voltar].

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