Fotografia de Graeme Robertson for the Guardian publicada aqui. |
Foi hoje publicada no The Guardian uma notícia que, de alguma maneira, já seria de esperar: as muitíssimas câmaras de vigilância espalhadas pelas cidades - no caso, Londres - instaladas, primeiro, com o argumento de se poderem identificar deliquentes e, depois, com o argumento de se detectarem ameaças terroristas, são usados para registar - em audio e vídeo - hábitos quotidianos das pessoas comuns.
Refugiando-se na legislação recente que alarga a possibilidade de vigilância em "circunstâncias excepcionais" (quando absolutamente necessário para protecção da população face a ameaças extremas), diversas autoridades britânicas locais usam esses registos para identificar quem:
- não cumpre regras ao passear os cães;
- alimenta os pombos de rua;
- alega ser pai solteiro;
- importuna vizinhos com barulho ou de outros modos;
- acumula lixo no quintal ou não respeita a sua separação;
- vende álcool e tabaco a menores de idade;
- comete fraudes comerciais e falsificações;
- ...
Os responsáveis pela vigilância "de todos a todo o momento" alegam que esses e outros comportamentos não são nada inocentes pois afectam a vida da generalidade das pessoas. Atentando contra os direitos dos consumidores, constituíndo crimes ambientais, e configurando fraudes em termos de benefícios sociais, têm de ser descobertos. provados e punidos.
Quem detectou o "abuso" declara ser "absurdo que as autoridades locais se aproveitem de medidas destinadas a combater o terrorismo em questões tão triviais como o ladrar de um cão ou a venda de bilhetes de teatro".
Este é o futuro, que já é bem o presente.
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