É urgente trazer ao cidadão o conhecimento da natureza e da importância do solo, a começar na escola, onde os curricula estão longe de dar ao solo a importância científica, económica e social que, na realidade, tem.
Nesse propósito a da Assembleia Geral das Nações Unidas, na sua 68.ª Sessão, em 2013, elegeu o dia de hoje, 5 de Dezembro de 2015, como DIA MUNDIAL DO SOLO e o ano de 2015 como ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS.
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Interpretado como um sistema aberto, o solo permite trocas de matéria e de energia com os sistemas adjacentes, isto é, com a litosfera, a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera, o que faz dele um dos mais importantes ecossistemas do planeta. Situado na interface destas unidades geosféricas, o solo absorve e armazena energia radiante solar, é sede de fenómenos físicos, químicos e biológicos e tende, naturalmente, para um estado de equilíbrio estacionário enquanto se mantiverem as condições sob as quais evoluiu.
Com as variações próprias das diversas latitudes e altitudes, os solos estão presentes na maior parte da superfície terrestre emersa, constituindo o que foi convencionalmente considerado a pedosfera (do grego pédon, solo),
A par da modelação das formas de relevo por erosão (gliptogénese), da formação das rochas sedimentares (sedimentogénese) e da origem e evolução dos seres vivos (biogénese), a pedogénese, ou seja, a origem e evolução do solo é consensualmente considerada um fenómeno geológico.
Se tivermos em conta que a meteorização das rochas e a formação dos solos são as respostas da litosfera ao ambiente externo, e considerando a erosão como a resposta dos produtos dessa alteração (detritos terrígenos) à atracção gravítica, a existência de um solo testemunha sempre uma situação de equilíbrio entre as taxas de meteorização e de erosão.
E, assim, como escreveu, em 1980, outro nome grande da Ciência do Solo, o igualmente ilustre professor catedrático João Manuel Bastos de Macedo, do Instituto Superior de Agronomia, o solo é “uma solução de compromisso entre a meteorização e a erosão” e, como tal, fruto de um evidente processo geológico à escala do planeta.
Recurso fundamental à sobrevivência da humanidade, o solo, surgido no Silúrico superior, há cerca de 425 milhões de anos, por força de um processo dinâmico a um tempo geológico e biológico, alimentado pela energia solar, está cada vez mais sujeito ao impacto da actividade humana exponencial e preocupantemente crescente. Na sua imensa capacidade tecnológica, a sociedade dita do desenvolvimento pode destruir em horas um bem colectivo cuja formação necessita de milhares de anos a ser desenvolvido. Urge pois trazer este conhecimento ao cidadão, a começar na escola, onde os curricula estão longe de dar ao solo a importância científica, económica e social que, na realidade, tem.
Pelo valor que lhe é atribuído, como um dos principais recursos naturais de que dispomos, ao lado da água e do ar e bem acima da maioria das matérias-primas minerais, o seu estudo, isto é, a pedologia, para além da sua importância em ciências fundamentais, como a Geologia (em especial no capítulo da geodinâmica externa) e a Biologia, constitui complemento indispensável em domínios do saber ligados à economia, como são, entre outros, a agricultura, a silvicultura, o ordenamento do território e a prospecção geológica e mineira. A pedologia recorre a meios que vão desde os mais simples, como seja a observação no terreno em amostra de mão, aos mais sofisticados, postos à disposição dos pedólogos, com destaque para a difractometria de raios X, as microscopias óptica e electrónica, os diversos equipamentos de análise química mineral, a fotografia aérea, a teledetecção via satélite, etc., sem esquecer os da biologia e da bioquímica, indispensáveis ao conhecimento da componente orgânica viva e morta do solo.
A. Galopim de Carvalho
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