quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

MUDANÇAS À VISTA NA FCT

 Notícia do jornal AS BEIRAS de hoje:

O economista José Reis, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, o linguista António Manuel Martins, o investigador Carlos Faro e o físico Carlos Fiolhais integram o Grupo de Reflexão sobre o Futuro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), nomeado pelo Governo.

 “O novo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior quer fazer as pazes com a comunidade científica depois de um período negro da política de Ciência, em Portugal”, diz Carlos Fiolhais ao DIÁRIO AS BEIRAS. O grupo de reflexão integra 38 investigadores, das mais diversas áreas do saber e de todas as regiões e proveniências geográficas. O objetivo é propor “orientações que devem presidir ao futuro próximo da FCT em diálogo com a comunidade científica”.

Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, Carlos Fiolhais não poupa o trabalho desenvolvido pelo Governo anterior e, em particular, pela FCT. “Em quatro anos, destruíram boa parte do sistema científico nacional, através dos cortes nas bolsas, nos projetos e no financiamento das unidades de investigação”, refere. O momento crítico aconteceu, invariavelmente, aquando da divulgação dos resultados da avaliação das unidades de investigação, por parte da FCT. Uma situação que levou os próprios reitores a virem a público insurgir-se contra aqueles resultados. Em Coimbra, o físico da UC vai mais longe, na denúncia, ao afirmar o cariz “fraudulento” que sobressaiu da avaliação. “Nos últimos anos, a FCT esteve ao serviço de pequenos interesses, de natureza disciplinar e até regional”, afirma Fiolhais, acentuando: “O cúmulo foi atingido quando se soube da inscrição de um item secreto, num documento assinado com uma entidade privada estrangeira [a ESF], que estipulava que a primeira fase da avaliação tinha de resultar numa shortlist de metade das unidades de investigação a seleccionar para a segunda fase. “Em resultado desta falta de transparência, muitas instituições têm razões de queixa, nomeadamente, algumas aqui de Coimbra”, acrescentou.

 A FCT, recorde-se, é a principal entidade pública responsável pelo financiamento e avaliação da investigação científica em Portugal. Na vigência do anterior Governo, foi presidida por Miguel Seabra. Inesperadamente, em abril último, quando faltavam nove meses para o final do mandato, este catedrático da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa demitiu-se e foi substituído por Maria Arménia Carrondo, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, da mesma faculdade. “A doutora Arménia Carrondo não foi mais do que uma interina”, lamenta Carlos Fiolhais, rematando: “O que todos desejamos é que, agora, seja nomeado alguém que suscite unanimidade e solidariedade ativa, no seio da comunidade científica”.

Paulo Marques

1 comentário:

Unknown disse...

Talvez seja boa altura recordar o que pensa um dos fundadores deste blogue, o filósofo Desidério Murcho, de BSS:

"Eu acho que as ideias de Boaventura Sousa Santos (...)e muitos outros, estão erradas e são perniciosas para o desenvolvimento cultural e educativo de qualquer país."

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