A nova tradução de poemas de Paul Celan, assinada por Gilda Lopes Encarna-ção, não foi poupada pela crítica. Pedro Mexia disse que a tradutora usou «pa-lavras monstruosas» e António Guerreiro, que inventou verbos. Todos sabemos que a poesia de P. Celan é hermética, como a de Herberto Hélder (influenciada também pelas metáforas de Walt Whitman, facto que os críticos não veem), e exige ao tradutor o conhecimento da vida do poeta, dos textos sagrados judaicos e da língua alemã. Como não falo a língua alemã, concentrei-me apenas nos poemas traduzidos e não os considero assim tão medíocres. O que importa mesmo é não cair na difamação – esse substantivo que Henry Fielding abominara.
Todos os teus sinetes quebrados. Nunca.
Vai, cedreia-a também,
a perfídia da pele de carta,
de onze
cascos:
que a vaga, a distante-
-mel, a próxima-
-leite, quando
a coragem a move para o lamento,
o lamento para a coragem,
de novo,
que ela não reflicta também,
o idiota-dos-electrões,
que processa
tâmaras para
macacos
-premonitórios.
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