Extensão das calotes glaciárias polar e de montanha
(Alpes e Pirinéus) na Europa durante a última glaciação (Würm)
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A residência deste precursor do glacialismo foi, mais tarde, transformada no Museu do Glaciar. Embora hoje familiar para a maioria das pessoas, a ideia de Perraudin foi rejeitada pela comunidade científica de então, mas não tardou a encontrar defensores. Um deles foi o naturalista suíço Ignaz Venetz (1788-1859), considerado o fundador da glaciologia. Na sequência das observações de Parraudin e vencendo a forte oposição de uma boa parte dos seus contemporâneos mais influentes, Venetz confirmou as observações deste seu conterrâneo, afirmando, em 1829, que os glaciares alpinos e os referidos amontoados de calhaus e blocos, tinham invadido as planuras suíças do Jura e que semelhantes materiais, vindos da Escandinávia, haviam atingido e coberto grande parte do norte da Alemanha e da Polónia, deixado aí amontoados de calhaus e grandes blocos isolados, mais tarde referidos, respectivamente, por moreias (ou morenas) e blocos erráticos.
Moreia
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Bloco
errático conservado na planura do norte da Polónia
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Glaciar de vale nos Alpes |
Atento a esta problemática, o suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873), doutorado em medicina, produziu obra valiosa neste domínio, documentada na sua monumental memória, em dois volumes, Études sur les glaciers, publicada em 1840, tornando-se, assim, o nome mais conhecido no glacialismo. Professor de História Natural na Universidade de Neuchatel que, sob a sua orientação, se tornou uma das principais instituições de investigação científica do seu tempo, Agassiz ficou também conhecido como paleontólogo (na área dos peixes) e geólogo. Estudou com Alexander von Humboldt (1769-1859) que lhe abriu as portas à observação da paisagem física.
Em 1836, na companhia de Johann Charpentier, visitou os glaciares alpinos e as moreias de Diablerets e do Vale do Ródano. Na sequência desta visita, ele, que sempre fora céptico relativamente ao glacialismo, envolveu-se interessadamente na respectiva investigação. Como resultado desenvolveu uma teoria que apresentou à Sociedade Suíça de Ciências Naturais, de Neuchatel, em 1837, ao mesmo tempo que divulgava o conceito de Era Glaciária ou Idade do Gelo. Antes dele, outros (Venetz, Charpentier, Bernhardi) tinham observado as geleiras alpinas e chegado, praticamente, às mesmas conclusões, mas foi Agassiz que ficou na história deste capítulo da geologia. Nesta sua memória, discutiu os movimentos das línguas glaciárias, a sua influência na erosão dos respectivos vales, o desgaste e polimento das moreias e das rochas sobre as quais se deslocavam, estriando-as. Agassiz estendeu as suas observações às montanhas da Escócia, na companhia do reverendo inglês, William Buckland (1784-1856), decano de Westminster, e encontrou aí testemunhos seguros de glaciares antigos, à semelhança dos reconhecidos nos Alpes.
Também a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda lhe revelaram a existência de moreias e outros testemunhos de actividade glaciária na dependência das suas montanhas. Corroborando estas observações, o geólogo escocês Charles Lyell (1797-1875) revelava que os blocos rochosos, isolados e de natureza diferente da rocha que forma o terreno sobre o qual se encontram (blocos erráticos), foram transportados no seio das grandes massas de gelo dos glaciares de há milhares de anos. Mais tarde, Agassiz trocou a Europa pelos Estados Unidos da América, onde permaneceu até o fim de sua vida, em 1873, tendo ensinado zoologia e geologia na Universidade de Harvard e aí fundado o Museu de Zoologia
Comparada, de que foi o primeiro director. Na continuação do seu trabalho na Europa, como glaciologista, ele foi, entre muitas outras actividades científicas e pedagógicas, um dos primeiros a estudar os efeitos da última glaciação na América do Norte, no que foi apoiado, mais tarde, pelo americano, James Dwight Dana (1813-1895). O Agassiz Lake, de origem glaciária, na região dos Grandes Lagos, o Agassiz Mount, na Califórnia, o Agassiz Peak, no Arizona, e o Agassiz Glacier, no Parque Nacional dos Glaciares, no Estado de Montana, são alguns dos acidente geográficos que evocam o seu nome.
O progresso acelerado dos conhecimentos geológicos nessa época, nomeadamente os revelados por Charles Lyell, levou William Buckland a reconhecer, em um dos oito volumes do famoso “Bridgewater Treatise”, que a abundância de blocos erráticos observados no terreno não confirmavam o relato bíblico do Dilúvio. Ele que, de início e como eclesiástico, julgara ter encontrado evidências geológicas do Dilúvio à escala mundial, passou a acreditar nas ideias de Agassiz sobre a Idade do Gelo que permitiam uma explicação plausível para o que lhe era dado observar no terreno.
Mais tarde, na Áustria, Eduard Brückner (1862-1927), geógrafo, climatologista e glaciologista, professor nas Universidades de Berna, Halle (na Saxónia, Alemanha) e Viena, chamava a atenção para a importância das mudanças climáticas e das consequentes flutuações do nível do mar. Especializou-se no estudo dos glaciares alpinos e, neste domínio, colaborou com o conhecido geógrafo alemão, Friedrich Karl Albrecht Penk (1858-1945), na obra em três volumes, Die Alpen im Eiszeitalter (Os Alpes na Idade do Gelo), editada em 1909. Nesse trabalho, admitiram a existência de quatro períodos glaciários que designaram, do mais antigo para o mais recente, por Gunz, Mindel, Riss e Würm. Do outro lado do oceano, o norte-americano Thomas Chrowder Chamberlin (1843-1928), geólogo e professor de geologia , fundador do Journal of Geology, reconheceu, nos depósitos glaciários (moreias) que cobrem parte do território do estado, outras tantas glaciações pleistocénicas, a que deu nomes ainda em uso: Nebraska, Kansas, Illinois e Wisconsin que, pela mesma ordem, correspondem às glaciações alpinas.
Vale glaciário do Zêzere (Portuga) |
Distingue-se uma moreia basal ou de fundo (que se acumula e desloca na base ou no fundo da língua glaciária); uma moreia dorsal ou mediana (acumulada longitudinalmente, como uma dorsal, na língua glaciária); uma moreia lateral (arrastado junto às duas margens da língua glaciária; uma moreia interna (dispersa no interior da língua glaciária) e uma moreia frontal (acumulada e empurrada na frente da língua glaciária). Por fusão e recuo do gelo, esta moreia pode constituir uma barragem natural e criar um lago a montante. Os tilitos são antigas moreias consolidadas.
Galopim de Carvalho
5 comentários:
Publiquei:
http://www.historiamaximus.blogspot.pt/2013/10/idade-do-gelo.html
Contacto: historiamaximus@hotmail.com
Não há perigo, felizmente a Terra está a aquecer.
Uma outra teoria segundo o alemão O.W. Hilgenberg, o físico britânico P.A.M. Dirac (nos anos 1930) e o geólogo britânico H.G. Owen (na década de 1960) sugeriram que os continentes estavam afastando-se uns dos outros porque a Terra devia estar em expansão. Poucos cientistas aceitam a idéia na atualidade.
Estrela
A serra a par da nação
e amo estudo desta natureza
sirva o profundo sentido ação
Portugal esta a vossa grandeza.
Contai vossa altura e cantai
que o amor a razão diria
nesta lide celebra o celebrai
o manto que vossa grande cingia.
O que fora escondida a Terra
a aventura o professor vos narra
saga do episódio triunfante
destinado ao peito feito plaga
Coimbra que o diga e o traga
país desde sempre retumbante !
Ao professor Galopim de Carvalho de vosso empenho .
servir *
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