"Morre o povo aí pelas esquinas,
com a fome que também matou Camões.
Abrigam-se os pobres nas ruínas,
com gestos e ademanes de ladrões.
Abrigam-se os pobres nas ruínas,
com gestos e ademanes de ladrões.
sacode o mundo, tenebrosamente:
dá-me tu, ó Musa, um furor sagrado,
que nos levante, poderosamente!
Uma lira feita só de vinganças,
uma lira cuspindo ameaças!
Uma lira que abale as seguranças
dos que vivem de rapina e trapaças!
Uma lira que abale as seguranças
dos que vivem de rapina e trapaças!
Dá-me um canto canoro e eloquente,
que seja para os pobres como um sol,
pai dos párias e astro transcendente,
que faz do pobre grato girassol!
pai dos párias e astro transcendente,
que faz do pobre grato girassol!
Ó Musa, quero a gana do Poeta,
que me ajude a castigar este horror,
a varrer, com vigor, esta sarjeta,
onde copulam gula e impudor!"
a varrer, com vigor, esta sarjeta,
onde copulam gula e impudor!"
Eugénio
Lisboa
( depois de reler “A Fome de Camões”, de Gomes Leal).
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