terça-feira, 22 de outubro de 2013

DO "LIVRO DAS HORAS" DE RILKE

No livro sobre ciência, filosofia e religião recentemente publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, A Dinâmica da Espiral, de Formosinho Sanches e Oliveira Branco, o segundo autor declara-se extasiado com a leitura de um poema de Rainer Maria Rilke, d' O Livro de Horas, que ele próprio tentou traduzir a partir do original em alemão. Eis a tradução desse poema da pena do grande germanista Paulo Quintela (que está nas Obras Completas de Paulo Quintela, na Gulbenkian; a edição da figura, da Assírio e Alvim, contém outra tradução):

Deus fala a cada um só antes de o fazer.
Então sai calado, com ele para fora da noite.
As palavras, porém, antes que cada um comece,
essas palavras nubladas, são:

Enviado pelos teus sentidos,
vai até ao limite da tua saudade;
dá-me roupagens.

Atrás das coisas cresce como incêndio,
que as suas sombras dilatadas
me cubram sempre todo.

Deixa que tudo te aconteça: beleza e pavor.
Só é preciso andar: nenhum sentimento é mais longínquo.
Não te deixes apartar de mim.
É perto a terra
a que chamam vida.

Hás-de reconhecê-la
pela sua gravidade.

Dá-me a tua mão.

Rainer Maria Rilke (Livro de Horas, 1905, tradução de Paulo Quintela)

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A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...