“O desporto tem o poder de superar velhas divisões, criar o laço de aspirações comuns” ( Nelson Mandela).
Nos dias de hoje, em Portugal, quando se fala em racismo, muita gente atribui, prioritariamente ou mesmo em exclusividade, responsabilidades ao racismo branco, denegrindo-o, e branqueando o racismo negro.Haja em vista, a manifestação nas escadarias da Assembleia da República, de apoio a Joacine Katar Moreira, com insultos à nobre bandeira de um pequeno país do extremo ocidental europeu que, na era de quinhentos, deu "novos mundos ao Mundo" só comparável às conquistas rumo às estrelas da nossa era, a cargo de grandes e poderosas potências mundiais. Na altura, não vi uma onda de justíssimo protesto por parte do governo ou de entidades oficiais.
Sem sombra de duvida, que o racismo, qualquer seja, encontra terreno favorável no futebol de alta competição em que os ódios vêm à flor da pele acicatados por cores clubísticas em que o desporto deixa de ser uma fonte de virtudes para se tornar numa escola de defeitos com tentáculos de ódio de multidões ululantes nas bancadas do chamado desporto-rei, a exemplo do antigo circo romano dos tempos de Nero. Daqui emerge a pergunta: Qual têm sido o papel da "Autoridade Nacional Contra a Violência e o Racismo no Desporto" e, principalmente, quais os seus resultados?
Temo que a resposta possa ter sido dada pelo "Caso Marega" em que a intervenção do 1.º ministro, António Costa, pecou por tardia, embora o povo na sua sabedoria nos diga que “mais vale tarde do que nunca”. O futuro o determinará! No tempo do Estado Novo, o então chamado reviralho dizia que o futebol era o ópio do povo. E hoje não será anestesia que adormece em sono profundo o humanismo?
Que lição de crença nos valores morais e éticos do desporto na sua pureza agonística dado por Nelson Mandela, em epígrafe, ao transportar a “tocha olímpica” na cidade sul-africana do Cabo (2004), em frente da qual se situa a ilha Robben, em cuja prisão de alta segurança esteve esta personagem presa 18 anos durante o regime de ”apartheid” de triste memória!
1 comentário:
Um Comentário do Professor Jorge Bento.
Dias atrás (21/02/2021), publiquei aqui, um texto com o seguinte título: “Racismo Branco e Racismo Negro”.
Entretanto, fui informado pelo Doutor Jorge Bento, professor catedrático da Faculdade de Ciências do Desporto (Universidade do Porto) que lhe tinha feito um comentário que, por culpa sua confessada em não dominar a matéria técnica sobre a feitura de comentários, não fora publicado.
Enviou-me esse comentário de que tirei proveito próprio e de que me faço mensageiro pela pela valorização que trouxe ao meu texto numa perspectiva de universalidade da gesta portuguesa “por mares nunca dantes navegados” e da sua aprendizagem com uma panóplia de povos, no dizer e reconhecimento de Jorge Bento.
Doutrina o seu texto, que transcrevo abaixo:
“A estranheza do diferente ou Outro é uma 'natureza' dos indivíduos e dos povos, independentemente da etnia ou tonalidade da pele. Ela é modificável através da educação e das circunstâncias da vida.
Creio que os portugueses não pertencem ao número dos povos que mais estranham o Outro. Porquê? Porque, no decurso da sua história de quase 900 anos, interagiram e aprenderam intensamente com uma ampla panóplia de povos; deste jeito adquiriram a condição de universalidade”.
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