sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

NO EQUADOR



Início do meu artigo no Público de ontem (na imagem o monumento com a linha do equador  no ilhéu das Rolas; ao fundo a ilha de S. Tomé):

"Quem pousa no aeroporto de São Tomé, vindo de Lisboa, ainda não atravessou o equador. Para o fazer tem de viajar aos solavancos numa estrada sinuosa até ao sul da ilha para depois tomar um barco que atravessa o canal até ao Ilhéu das Rolas, Estamos na estação das chuvas, pelo que há água por baixo e por cima. Chegados ao ilhéu, mais precisamente ao ancoradouro do Hotel Pestana, o equador já não está longe. O melhor, para apreciar devidamente os lautos recursos da floresta tropical e a vida local (leve-leve” é a expressão para designar a calma reinante), é ir com um guia da aldeia piscatória de S. Francisco, vizinha do hotel. O guia será, com toda a probabilidade, benfiquista, pois na aldeia abundam bandeiras do clube da Luz. 

Sobe-se pelo caminho pedonal aberto na mata (um dos arbustos dá o chá de micocó, com propriedades afrodisíacas, tendo um curandeiro explicado ao presidente português que “aquece o material”) e chega-se em poucos minutos ao monumento colonial, assente num mapa-múndi, que exibe a linha que divide a Terra nas metades Norte e Sul. O sítio proporciona uma vista magnífica sobre o canal e a ilha principal, se o céu estiver descoberto. Entra-se finalmente no lado de baixo do equador, onde, como diz Chico Buarque, “não existe pecado. O guia mostra-nos, nesse lado, uma planta cujas folhas se retraem prontamente quando são tocadas, que dá pelos pitorescos nomes de “mimosa púdicaou mulher portuguesa”. Dá a ideia que a planta receia pecar…"

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