A partir dos 15m45s:
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1 comentário:
O signo deveria ser arbitrário como o foi, um dia, quase antes das palavras serem inventadas. Assim, poderia parafrasear a alma, agramatical, tal e qual no estado em que se encontrasse, ou gasoso na sua concetualização, ou líquido na sua elaboração ou sólido por expulsão do nascimento, cristalizada no contrário das borboletas. As almas prendem-se dentro dos corpos nascidos e não mais são felizes. Ficam recolhidas logo abaixo da linha do céu e duram dias inteiros numa cadência de figuras de estilo que nada significam. Às vezes, movem-se pelas fronteiras da aprendizagem e quase se iluminam no seu invólucro obscuro e denso, sem profundidade nem autonomia, sempre incompletas, dissimétricas, a interferir na realidade fonética do cosmos. Riem e choram conforme os seus modos de perceção e ouvem os sons longínquos das estrelas que tentam grafar em rimas soletradas ou desenhos transcritos. Balbuciam, redondas, nessa ausência presente como papagaios de outros pronomes pessoais, de outras associações de sentido, de outros enunciados. Há almas que brilham um certo tempo por vínculos combinatórios com a luz e o magnetismo fundamental da natureza, mas há almas que são só onomatopeias como uma que deambula pela minha sala submetida à obrigação de existir por uma falsa etimologia ou engano no significante: Alice, no país das maravilhas, do outro lado do espelho avariado no reflexo, a gravitar em cartas de jogar dos outros ou cheia de pressa no relógio do coelho que corre veloz para longe de si mesma.
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