Seguindo as orientações da OCDE, vários países, incluindo o nosso, estão a realizar reformas, alterações, mudanças, ajustamentos… curriculares para que as escolas públicas respondam de modo mais rápido e efectivo às exigências do mercado de trabalho.
Ainda que, com essas reformas, alterações, mudanças, ajustamentos…, se tenha em mira a implementação de um núcleo de competências operativas naqueles que serão, a breve trecho, “capital humano”, quer-se fazer crer que a base é a “educação humanista”.
Por outra palavras, usa-se a expressão “educação humanista” para esconder o seu contrário: uma educação soft, produtora de executores indiferenciados e resignados.
O facto é que do currículo escolar está a ser estrategicamente retirado o que define a “cultura humanista”, na qual incluímos aquilo que concorre para a dignificação do ser humano e que, por isso, deve ser passado às novas gerações.
Não é, de resto, a primeira vez que isto acontece nem será a última. Trata-se, na verdade, de uma tendência recorrente por parte de quem tem poder para decidir o currículo (e são vários os sectores que têm esse poder, não apenas nem, talvez, principalmente o político), à qual é preciso prestar a maior atenção.
Deixo mais uma nota nesse sentido (ver aqui): a intervenção do escritor espanhol Luis Goytisolo (na foto ao lado), que, em Maio passado, se afirmou “muito preocupado com o declínio do ensino", nomeadamente com a supressão de disciplinas - como filosofia, historia, geografia - que são "imprescindíveis" para entender o mundo, sobretudo em momentos críticos, como este em que vivemos.
Essa supressão faz-se, em grande medida, com base no argumento de que está tudo na internet. Mas, pergunta: "como se podem encontrar os conhecimentos dessas disciplinas se não se sabe onde se devem encontrar? Está-se a converter a sociedade, no mundo inteiro, numa sociedade de gente ignorante".
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4 comentários:
Qual é a admiração, isto é uma cabala desde o início, as provas são tantas que até chateia. Deixo 3 vídeos que abrangem um bom conjunto de aspectos da ilusão que a realidade em que nascemos:
Scientists Now Claim They Can Erase Memories and Implant Fake Ones
https://www.youtube.com/watch?v=HjPVhTT1fQE
Gene Editing Now Admittedly Causes Hundreds of Mutations
https://www.youtube.com/watch?v=tV3IuWKsAJY
Two Key Things That Got Overlooked About Project MK Ultra
https://www.youtube.com/watch?v=fFi1gg7Bcdk
Os políticos são apenas uns farsantes autorizados para criar a ilusão de escolha e democracia.
Entretanto, a engenharia social globalista continua a fazer o seu lobby no Parlamento:
Grupo Parlamentar do CDS-PP
Dia 29 de junho de 2017
19:00 - "Teach for All"
Esta instituição é mais uma daquelas patranhas ideológicas da "Nova Era" da parvoíce que está na moda. Se formos a ver acabamos por lá descobrir o financiamento do Soros, ou um dos seus amigos
O estado a que isto chegou (as humanidades):
https://algolminima.blogspot.pt/2017/06/a-confusao-epistemologica-pos-moderna.html
Sobre as humanidades, direi simplesmente que o seu estudo é talvez das áreas de estudo mais complexas e exigentes e inabarcáveis. O seu fascínio pode levar à ruína os espíritos mais apaixonados pelo saber, porque o saber, não ocupando lugar, também não enche barriga. E o saber das humanidades não é dos elegíveis para criação de riqueza económica e, como as virtudes em geral, não é disputado nos mercados, nem está nas ligas de campeões.
Quanto ao declínio do ensino, parece-me que estamos no domínio das perceções e, aqui, não há como garantir sequer um mínimo de plausibibilidade. O ensino já não é o que era. Já nada é o que era. Numa sociedade da informação (talvez mais da indústria do espetáculo) o ensino já não ocupa o centro e o palco foi-lhe "roubado". Vivemos num tempo em que o palco parece (é) tudo. Quem não está no palco não tem importância, como se (pense-se na política), só o que tem importância é que está no palco.
Todavia, quando falamos de palco temos presente que não é o palco que faz o ator. O palco é qualquer lugar, pode ser na rua, em cima de uma árvore, fechado num quarto... desde que tenha visibilidade e quem observe. O palco não faz o ator no mesmo sentido em que o ator faz o palco.
E há no ensino especificidades substanciais e dinâmicas de ensino-aprendizagem, avaliação...que fazem da questão do palco um aspecto lateral e subsidiário.
No ensino, ainda é preciso, muitas vezes, que os aprendizes assumam e queiram ser os atores principais num palco de todos.
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