domingo, 16 de agosto de 2015

AS CAUSAS DA MINHA CAUSA


A minha resposta ao comentário do engenheiro José Geraldes, insito no meu post intitulado “Universitar os politécnicos: eis a questão” (13/08/2015), transcrito da minha crónica do “Público”, desse mesmo dia e com esse mesmo título:


“Não destruam. Não cedam. Não tenham medo porque a Universidade não pode ser uma instituição de caridade. Para isso há os asilos e a Mitra”. Não pode ser um hospital de alienados” (Aníbal Pinto de Castro, professor jubilado universitário de Coimbra, “Diário de Coimbra”, 27.Nov.2005).


O prometido é devido! Cá estou eu, portanto, a tentar rebuscar em minha consciência, que penso não  necessitar de vir à presença da opinião pública de baraço ao pescoço, as causas da minha causa em contrariar que o ensino superior seja pasto de golpismo de toda a ordem ao serviço de ambições pessoais ou institucionais e em que, segundo João Lobo Antunes, a “mediocridade seja a lei”.

Um exemplo? Um ensino em que a respectiva qualidade está na razão inversa da formação dos respectivos professores como o acontecido  na docência do 2.º ciclo do ensino básico, anteriormente chamado ensino preparatório. Esta docência -  até então a cargo exclusivo de professores licenciados por universidades para ministrar unicamente a disciplina de matemática -  passou a ser repartida com licenciados politécnicos preparados em 3 anos para serem professores do 1º. ciclo do básico (antigo ensino primário)  tendo ficado com a frequência de, apenas, mais um ano (o 4º ano), mestres   habilitados para ministrar, simultaneamente, matemática e ciências da natureza. Foi esta uma das causas motivadoras dos meus artigos e posts na berlinda por combaterem “a liberdade, a fraternidade e a igualdade do insignificante e do medíocre” (Eça).

Por isso, de forma alguma, me incomodo com labéu de um possível elitismo da minha parte (elitismo que o dicionário Houaiss tem como a “política que visa antes de tudo à formação e selecção de uma elite intelectual”). Nesse aspecto encontro caboucos sólidos resístiveis aos que possam, porventura, advogar, ou simplesmente desculpar, um ensino com licenciaturas à  Relvas, saltos à Vara e quejandas.

Ademais, encontro-me bem amparado pelo sociólogo Alberoni Francesco  quando escreve
“A pedagogia que nivela tudo por baixo no intuito de esbater as diferenças tem como consequência tornar ignorantes milhões de pessoas e não privilegiar aqueles que podiam ir para a universidade e para escolas de excelência com professores respeitados e programas rigorosos; é por essa razão que há cada vez mais pessoas a quererem uma escola mais séria, mais rigorosa, com professores preparados e mais respeitados”.
 Quanto ao possível corporativismo que possa subjazer neste meu post, lanço o seguinte repto a quem me leia: Qual o  grupo profissional em que o corporativismo, com raízes que se perdem em séculos, não sofre desta “patologia”, ainda que mesmo sem sintomas de doentia doxomania: o dos médicos, o dos advogados, o dos engenheiros ou até mesmo o dos esforçados e necessários ao desenvolvimento do país trabalhadores manuais?

Para além da Saúde e da Educação  (como defendeu Ramalho, “o homem sem educação , por mais alto que o coloquem, fica sempre um subalterno”) haverá pilar social que deva merecer melhor  atenção dos órgãos de comunicação social? Será o desporto-espectáculo, em que se atingiu a decadência do circo romano sem se ter conhecido, sequer, o apogeu de uma educação integral helénica? Serão os escândalos da banca? Ou será, porventura, a baixa política em que em épocas pré-eleitorais “os políticos em qualquer parte são os mesmos: prometem construir pontes, mesmo quando não há rios” (Nikita Kruschev)?

Sem o valioso agrément de Joaquim Mourato, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, esta  tentativa (desesperada) de pretender “universitar os politécnicos” tem ao leme dois presidentes de Institutos Politécnicos, Porto e Coimbra, respectivamente, Rosário Gambôa e Rui Antunes, sintomaticamente docentes das respectivas escolas superiores de educação. Repare o leitor que esta discordância institucional fez com que eles se desvinculassem da tutela daquele Conselho.


Sobre esta febre de diplomas, António José Saraiva, nome incontornável da Cultura portuguesa, taxada por ele de “diplomocracia”, escreveu: 
“Há meses uma cidade do Norte de Portugal reclamava um ‘instituto’ universitário. Por amor da ciência e da instrução? Não, porque já possuía um instituto ‘técnico’. O que realmente se reclamava era uma mudança de palavra: que o ‘técnico’ passasse a chamar-se ‘universitário’”. (…) Portugal vive há séculos a superstição da palavra ‘doutor’. Já desde os fins da Idade Média o título de licenciado dava direito a carta de nobreza que  a decadência dos títulos nobiliárquicos valorizou” (“Diário de Notícias”, 31/08/1979).
Assumindo a paternidade e originalidade  da expressão entre aspas, a juntar-se aos prestigiados doutoramentos honoris causa, assistimos, em nosso tempo, a licenciaturas e mestrados "ignominia causa". Por vezes, talvez, por isso, me pergunto se a minha cruzada, em prol de um ensino politécnico sério, honesto e valioso valerá a pena. Mas logo sinto o apelo de continuar merecedor da apresentação de um livro meu, ”Sem contemporizar” (1972), escrita por um grande amigo, professor universitário moçambicano já falecido, de seu nome Augusto Cabral. Escreveu ele generosas  palavras que só uma grande e sólida  amizade justificam ou simplesmente consentem: 
“Não é de admirar, pois, que tenha defendido, desde que o conheço (e já lá vão um ror de anos, embora ambos ‘sejamos jovens’)  a sua posição em particular e da sua classe em geral. Defesa essa em que em que tem sido intransigente e luta até ao último alento: até quando lhe falta o apoio daqueles que sobre estes assuntos se deveriam pronunciar, e o não fazem, limitando-se a colher os benefícios, quando os há da luta que tem travado”. Não sei porquê, ou talvez  saiba, ocorre-me o início da letra do fado cantado pela Amália: “Bem pensado todos temos nosso fado e quem nasce malfadado melhor fado não terá…!”
 Chegado ao final deste meu post, pequena contribuição, relativamente ao muito que muito tenho escrito em desabono da “universitação dos politécnicos”, ao tema voltarei sempre que necessário porque, como escrevi em dedicatória do meu livro “O Leito de Procusto” (2005): “In memorian de meus Pais que me prepararam para uma vida de antes quebrar que torcer, até que o peso dos anos – que em mim já  bem pesam! – me não obriguem a torcer para não quebrar”.

E nessa vida de “antes quebrar que torcer”, a minha luta contra determinados próceres dos politécnicos que muito o desvalorizam com a  sua campanha   em que  pretendem misturar a água límpida politécnica com um vinho universitário de nobre cepa transformando-a numa zurrapa intragável  porque, evocando Ortega y Gasset, “pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado”. Nem que para isso se tenha de vender por um  desonroso prato de lentilhas!

P.S.: 
1.  Brevemente publicarei um novo post incidindo sobre as antigas escolas e institutos industrias, aquelas, da minha saudosa e respeitosa lembrança por serem do meu melhor conhecimento e vivência docente de 18 anos.
2. O meu agradecimento ao engenheiro José Geraldes porque sem contradizer, por contradizer,  o meu post me obrigou a reflectir sobre ele em vez de simplesmente me tentar justificar sobre o que nele escrevi 

11 comentários:

Unknown disse...

Sr. Prof. Rui Baptista
Não posso deixar de lhe agradecer mais esta magnífica peça literária – as causas da minha causa - que modestamente designa por post, e de responder ao nº 2. do P.S. que lhe adicionou: Nunca contradigo por contradizer, aliás, nunca contradigo, apenas exprimo a minha opinião, se a tiver, sobre o assunto em análise, que pode ser idêntica ou diferente da do meu interlocutor.
Ainda, relativamente ao que diz no P.S. do comentário anterior, de 14 de Agosto - a nossa concordância me parece ser quase total, com excepção ……… de eu discordar com a evolução do ensino politécnico desde a atribuição de cursos de 2 anos (sem atribuição de grau) até a atribuição de mestrados e o desejo de conceder doutoramento – só quero deixar bem claro que não há essa excepção, estamos totalmente de acordo.
Para clarificar a minha posição permita-me que adapte a frase de Aristóteles que usou no seu “Universitar os politécnicos: eis a questão!”: - A melhor certeza de desastre é tentar igualar dois sistemas que, por terem objectivos distintos, são diferentes. (JG).
Termino com um exemplo. Dizem-me que agora, “na geração melhor formada de sempre” (este é outro tema de que gosto) há enfermeiros doutorados. E o que faz um enfermeiro doutorado? Ora o que eu defendo é que o curso de enfermagem, de 3 anos, esteja estruturado para permitir ao enfermeiro a evolução da sua carreira para médico, com mais um ciclo de estudo na Faculdade de Medicina, onde se formam os médicos.
As técnicas aos Politécnicos, as ciências às Universidades.
Os meus melhores cumprimentos para o Sr. Professor.
JoséGeraldes
17-08-2015

Autodidata disse...

Professor Rui Baptista, desviando-me um pouco da sua lupa (“Um pouco mais de sol - e fora brasa” - Mário de Sá-Carneiro) convido-o antes a sentar-se comigo à beira-rio para ver o rio passar...
Ora, os politécnicos parecem ser o mal de toda a cósmica ignorância diplomada: ele é “mediocridade” para aqui, “Mitra” para ali, mais umas “licenciaturas à Relvas” para acolá... o que me faz invocar António Nobre num excerto do seu poema “Lusitânia no bairro latino”:

“Senhora Nagonia
Olha acolá!
Que linda vai com o seu erro de ortografia...
Quem me dera ir LÁ!”

Formei-me num politécnico – “Ó Portugal, se fosses só três sílabas de plástico, que era mais barato!”... (Alexandre O’Neill) – mas resolvi encarecer a minha formação com mais uns anitos que para nada me serviram, que para muito pouco me servem. Se tivesse concluído os tais cinco anos numa universidade, decerto não sentiria a diferença de local no âmbito laboral, porque, Alegremente, na trova do vento:

“Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz”

Para quê mais do que “três virtudes teologais” (Miguel Torga) se continuam a ser sete os pecados mortais? Como diz Pessoa “Para ser grande, sê inteiro: nada” e depois “Coroai-me de rosas e de folhas breves e Basta” porque “LÁ longe, em casa, há a prece – Que volte cedo e bem! – (Malhas que o Império tece), Jaz morto e apodrece O menino de sua mãe”.
Professor, "o plaino está abandonado, raia-nos a farda o sangue". O que faz de “cigarreira breve” no cume da eclética montanha? “Pois não te pedem canto mas paciência/ Este país te mata lentamente”. (Sophia de Mello Breyner Andresen)

Um abraço.
FMC

Rui Baptista disse...

Utilizando um lugar-comum, há politécnicos e politécnicos.

Só apresento exemplos no domínio da Educação, por serem do meu melhor conhecimento e porque, para Pierre Bordieu´, "só uma política inspirada pela preocupação de atrair e de promover os melhores, esses homens e mulheres de qualidade que todos os sistemas de educação sempre celebraram, poderá fazer do ofício de educar a juventude o que ele deveria ser: o 1.º de todos os ofícios”. .

Assim, se me conseguir(em ) convencer que um professor do 2.º ciclo do básico saído de uma escola superior da educação está melhor preparado num simples ano em que estuda, especificamente, para ser, SIMULTANEAMENTE, professor de matemática e de ciências da natureza do que um outro que se licencia na universidade para ser, UNICAMENTE, professor desse mesmo ciclo de Matemática ou de Ciências da Educação eu deponho o meu pendor de uma polémica sem quartel a seus pés.

Muito apreciei, sinceramente o digo, a forma como conseguiu compactar uma série de pensamentos no seu comentário sem os transformar numa amálgama de coisas sem nexo. Nesse aspecto, para utilizar a linguagem da nobre arte da esgrima: "touché!"

Retribuo o abraço enviado,
Rui Baptista

Rui Baptista disse...

Uma atrevida gralha pousou no meu comentário anterior : penúltima linha, do 3.º parágrafo. Aquilo a que os latinos davam o nome de "lapsus calami". Assim, onde escrevi "pendor de", corrijo para : pendor para...

Já agora, outro abraço,
Rui Baptista.

Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista, sim, há politécnicos e politécnicos, mas o que não pode haver, como houve, é o "chico-espertismo" daqueles que tendo horror a uma licenciatura (pelos 5 anos de duração) optaram por um politécnico, e com isso ganharam dois anos... muitos ocupam hoje lugares no Estado simplesmente porque o caminho foi mais rápido, e depois, já como trabalhadores, e o seu lugar assegurado, tiveram a benesse de poderem concluir a licenciatura com toda a tranquilidade, com os privilégios que um trabalhador/estudante com ligação à função pública tem. Os bacharéis, e os politécnicos também aqui serviram para fomentar e aumentar as injustiças entre pessoas, em que os melhores saem ultrapassados e prejudicados.

Cumprimentos,

Rui Baptista disse...

Prezado Engenheiro Ildefonso Dias:

Saúdo o seu reaparecimento nos comentários ao DRN.

E saúdo porque me obriguei a ler nesses seus comentários o reflexo de uma pessoa que, discordando de um ensino em que a mediocridade assentou arraiais, se não revê no “ódio aos melhores” (Ortega y Gasset). E, muito menos, segue o rebanho dos indiferentes perante uma situação que diz respeito a todos os portugueses ( essencialmente, aos professores!) pois se trata do progresso do próprio país que está em causa, embora sem a exigência que Eça sabia ser utópico alcançar: “Haver um Dante em cada paróquia e que os Voltaires nasçam com a profusão do tortulhos”.

Agora, isso sim, não se pode deixar passar em branco que o presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, como escrevi década atrás, diga publicamente que “ a universidade faz o mesmo que o politécnico , embora, este último, com bem menores financeiros” (“Diário de Coimbra”, 10/01/2005).

E em outra ocasião defender, como defendeu, a criação da Universidade Nova de Coimbra (a partir do Ensino Politécnico de Coimbra) em convivência com a vetusta Universidade de Coimbra .Ora isto, não pode ser uma birra de criança que vê um brinquedo na montra de uma loja e esperneia no chão até o alcançar.

Perante isto, nada mais me apraz argumentar para não retirar ao leitor o prazer de deslindar a possibilidade da universidade copiar o politécnico, e não o contrário Ou seja, as antigas faculdades que formam professores plagiam as novas escolas superiores de educação! Haja, como aconselha a sabedoria popular, dois dedos de caco!

Gralhando disse...

Professor Rui,
Não querendo espernear pelo brinquedo, até porque não gosto do brinquedo e, muito menos, de espernear, travo, com os pés na areia, o meu prazeroso baloiço de argumentação consigo e prossigo bipedamente na descida em direção ao empobrecimento de afirmações por abstração, lançadas ao acaso pelo seu amigo Ildefonso. Verifiquemos, então, a validade lógica das suas frases:
1. “(...)o "chico-espertismo" daqueles (...) ” – Trocaria o termo por “condicionalismo económico”, “inexistência de universidades nas cidades de morada”;

2. “com isso ganharam dois anos...” – Substituiria por “com isso perderam dois anos e a possibilidade de efetuarem uma licenciatura na via verde enquanto sustentados pelos papás e, pelos vistos, perderam também o respeito dos seus pares formados nas universidades”. Além disso, tiveram de defender dois tipos de trabalho: no final dos três anos – projeto de intervenção/monografia; no final dos + dois – tese de dissertação. Muito melhor seria fazer os 4/5 anos diretos culminando a fácil e divertida trajetória com a defesa, apenas, de um trabalho. Digo “divertida” porque, como sabe, a faculdade tem muito mais encanto durante os anos da adolescência;

3. “muitos ocupam hoje lugares no Estado simplesmente porque o caminho foi mais rápido” – Removido. Muitos ocupam hoje lugares no Estado porque começaram a trabalhar rapidamente, tornando-se independentes e úteis à sociedade desde tenra idade;

4. “e depois, já como trabalhadores, e o seu lugar assegurado” – Falso. Há uns bons anos atrás, a efetivação era conseguida depois de muitos anos a rodar em inúmeras escolas do país (às vezes, mais do que uma em cada ano letivo). O lugar era assegurado precariamente, sem pagamento de deslocações ou arrendamentos nas surrealistas terrinhas onde os professores eram colocados por obrigação, vivendo diariamente num asfixiante isolamento (não havia agrupamentos). Quem queria estudar, teria de arriscar ver o seu curso interrompido por colocações longínquas em relação ao local de estudo ou esperar anos por um lugar de efetivação;

5. “tiveram a benesse de poderem concluir a licenciatura com toda a tranquilidade” – Não é verdade. Estudar e trabalhar simultaneamente é coisa complicada e fica difícil conseguir boas notas. Depois, o local de trabalho, o de estudo e o de residência distam sempre mais quilómetros do que deviam, perdendo-se um tempo infinito em repetíveis viagenzinhas, já para não falar nos cargos que os professores desempenham para além das suas aulas e na família que requer especiais atenções. Intranquilidade total;

6. “com os privilégios que um trabalhador/estudante com ligação à função pública tem” – Quais? O decreto-lei que permite faltar na véspera do exame e no próprio dia? Muita gente nem sequer o concretiza para não prejudicar os alunos com as suas ausências ou aborrecer os professores de apoio que, nesses dias, deixam de acompanhar crianças com dificuldades de aprendizagem para proceder às necessárias substituições;

7. “Os bacharéis, e os politécnicos também aqui serviram para fomentar e aumentar as injustiças entre pessoas, em que os melhores saem ultrapassados e prejudicados.” – Existe uma lista de colocação por concurso que obedece a critérios de tempo de serviço e classificação de curso. Os bacharéis ganham vencimentos ostensivamente inferiores aos dos licenciados, a não ser concluam os anos complementares (um ou dois) que lhes permitam a equivalência à licenciatura.
Onde estão os prejudicados e quem ultrapassa quem?

Para remate, a primeira quadra do soneto “Angústia” de Florbela Espanca:
“Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!”

Venha de lá mais um (a)braço.

Ildefonso Dias disse...

Sr. "Gralhando" eu desafio-o a efectuar uma visita a um qualquer Município deste país para verificar quantos dos "engenheiros" que por lá exercem essas funções são efectivamente engenheiros, ficará deveras surpreendido, porque, são muitíssimos, são aos milhares os bacharéis + licenciatura de "vão de escada". Caricato é que, para poderem ser engenheiros e legitimar o estatuto que gozam, deveriam apenas realizar um exame de admissão à Ordem dos Engenheiros, o que não é pedir muito diga-se... mas não o fazem, e porque será?

E porque não lhes exige a entidade patronal a inscrição na O.E, e porque lhes paga como engenheiros, se não o são por direito?

Eu vejo muita injustiça nisto, e toda a pessoa justa também. Não vê o senhor nisso a existência de uns a ser prejudicados e ultrapassados?

Nota: Escrevo com o conhecimento que me vem da experiência e de vivências por mim tidas. A realidade da carreira dos professores não a conheço muito bem, sei que não é fácil trabalhar fora de casa, deixar família... vá lá, alguma razão tem também no que escreve.

Senhor Professor Rui Baptista, agradeço-lhe a bondade do seu comentário. Creio que a regra para que os melhores estejam em primeiro lugar deve ser esta “a todos deve ser permitido seguir até onde o desejarem e as suas capacidades o permitam”.


Cumprimentos,

Grelhando disse...

Eng. Ildefonso Dias,
Como professora, habituei-me a repetir, pacientemente, as vezes que forem necessárias:
a) A licenciatura não é conseguida com um ou dois anos após o 12º;
b) A equivalência à licenciatura só é facultada quando as pessoas concluem o bacharelato e os anos complementares;
c) 3+1 = 4 ou 3+2 = 5 perfazem os mesmos anos de uma licenciatura universitária, sendo que os anos complementares são, geralmente, de especialização;
d) Tem razão quando atribui a essas licenciaturas a qualidade de “vão de escada” porque de “elevador” não vão;
e) Neste momento, os professores fazem exames de admissão à carreira docente e são avaliados sistematicamente (autoavaliação anual e na transição dos escalões de progressão). Se a avaliação é fiável ou não, isso é outra história.

Quanto a engenheiros, desconheço. De qualquer forma, acredito que os engenheiros formados nos politécnicos sejam tão engenheiros como os outros. Se não realizam o exame à Ordem é porque o sistema político (não sei se os municípios têm algum sistema político, talvez o "feudalismo") os deixa pulular livremente pelo reino.
Como pessoa justa, justíssima, justa no sentido ósseo do termo, vejo injustiças por todo o lado e de toda a ordem. Vejo muitas amizades e estranhos apertos de mão + paraísos confiscados aos bolsos dos contribuintes + malta que se safa de verdadeiras acusações + negligências hospitalares onde se matam inocentes + velhos com precárias reformas que não sabem para onde ir morrer + pessoas a emigrar cheias de estudos e inteligência + gente a abandonar os seus lares por não terem emprego para os pagar + filas e mais filas nos centros de desemprego + as casas de misericórdia sempre de luz acesa + as criancinhas a não terem ninguém que as eduque por se encontrarem institucionalizadas nas escolas (como sabe, todo-o-mundo é ninguém) porque as horas de trabalho consomem as famílias + as gerações a perpetuarem as redes sociais do engano e da virtualidade onde a promiscuidade se vende ao desbarato e se expõem corpos e pensamentos como se não houvesse amanhã e todos assumem os seus baldes de lixo com um excremental orgulho humano.
Votamos em nós próprios... não haja dúvida.
A bondade do meu comentário irrita-se com polícias que só sabem passar multas, compreende Eng. Ildefonso Dias(?), enquanto no exíguo espaço circundante todos se assassinam e ninguém vê a não ser que os corpos flutuem ou passem por nós hirtos e assustadores no rotativo passeio dos prisioneiros.

Boas lutas!
FMC

Rui Baptista disse...

Agradecendo os comentários generosamente, e com elevação feitos a este meu post, brevemente, publicarei um novo post que se poderá chamar "O ponto da situação?". Nele tentarei clarificar algumas questões que me foram postas. E, principalmente, tornar mais claras "as causas da minha causa".

Rui Baptista disse...

Encontro-me a escrever o post prometido: "O ponto da situação". Muito brevemente, será dado à estampa.

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...