quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Os "clássicos" devem ser para todos

Referência aqui
In my personal utopia, all citizens could study Ancient Greek, 
Latin and every other subject, free of charge, at any time. 
But in 21st-century Britain, Ancient Greek ‘A’-Level, available 
at hardly any state-sector schools, marks money and privilege. 
It also, embarrassingly, gives the few hundred privately educated 
teenagers who take it a queue-jumping ticket to the ruling class. 
Greek (and/or Latin) ‘A’ Level, solicitously taught, gives them 
a better chance of getting into Oxbridge than any other subject.
(Edith Hall)

Edith Hall, classicista inglesa, defense convicta e empenhadamente que a cultura e línguas clássicas têm de ser ensinadas na escola pública. Ao longo do percurso académico, todos devem ter acesso a elasReconhece, porém, que não é isto que acontece, pois estão, efectivamente, reservadas a uns poucos privilegiados. 

Esta situação constitui um verdadeiro "apartheid", que impedir "transcender" as classes sociais e económicas.

Nota, além disso, que a exclusão dos currículos escolares de matérias que revelam a civilização ocidental, dificulta a compreensão de ideias preciosas (como a liberdade, a democracia ou a cidadania) que fazem parte da nossa identidade e assim devem continuar. Trata-se de ideias que não se reduzem a palavras ligeiras e recorrentes nos discursos quotidianos; pelo contrário têm uma longa história, há pensamento e coragem que lhe estão associados.

A sua "utopia pessoal" é levar o sistema educativo britânico a fazer mudanças no ensino da cultura e as línguas clássicas. Mas como? Hall avança algumas propostas:
1) Em primeiro lugar, é preciso reconhecer o valor educativo desse ensino, no que se prende com a preparação intelectual para a universidade ou "simplesmente" para a vida interior de cada um, e para a vida em comum. Em paralelo, fazer "campanha" em favor da sua introdução no currículo escolar;
2) Apurar os melhor métodos de ensino. Os mitos, a gramatica, a arte, a filosofia, a leitura... tudo pode ser ensinado com os métodos, divertidos ou não, que hoje se consideram adequados;
3) Fazer pressão junto dos poderes políticos e académicos para que se mantenham (e se recuperem) cursos superiores dedicados ao conhecimento clássico e para que outros cursos integrem esse conhecimento;
4) Aumentar o reduzido número de professores de cultura e línguas clássica através de uma formação de qualidade. Encorajar, também, os que já se encontram no sistema para que persistam no ensino para o qual foram formados. Levar, além disso, levar os professores de outras disciplinas - inglês, história, línguas modernas - a adicionar o saber clássico ao seu repertório profissional.
Sobre este assunto, poderá ler:
Blog "The Edithorial": Classics and Educational Apartheid

1 comentário:

Fernando Caldeira disse...

Apesar de tudo, penso que é mais fácil pessoas libertarem-se do círculo da pobreza, do que da ignorância (ou “incultura”). A cultura não se compra e exige uma transformação do próprio que só pode ser conseguida com esforço e com o apoio de outros ou de instituições; o pobre sabe o que lhe falta para ser milionário (ou apenas remediado, como se dizia dantes), mas não sabe o que lhe falta para ser culto.

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...