domingo, 7 de julho de 2013

Porquê ler os clássicos?

A realidade, onde a condição humana se manifesta, é de uma colossal monotonia: independentemente dos tempos e dos lugares, os golpes palacianos, as traições, as mistificações, as subserviências, as alianças de conveniência… – isto na sua face mais negra que, felizmente, não é a única – repetem-se da mesma forma, convocam os mesmos protagonistas, têm as mesmas consequências.

Por isso, ler os clássicos, aqueles-que-têm-lá-tudo, não nos ajuda por aí-além a mudar a realidade, mas ajuda-nos, ao menos, a percebe-la um pouco melhor. E, sobretudo, poupa-nos horas e horas de televisão, de jornais e de conversa que não conduz a lado algum… Quem quiser saber o que se passa no nosso país, leia, por exemplo, Shakespeare… é literatura de encher a alma!

Tiago Bartolomeu Costa, numa crónica admirável, saída no passado dia 3 no jornal Público, faz um paralelismo entre a nossa actual tragédia, como país, e a tragédia de Hamlet…

Não deixe de ler ou reler tanto a crónica como... a obra.

3 comentários:

Anónimo disse...

Creio em Shakespeare e Goethe, assim como nas obras canónicas reconhecidas no Céu e na Terra.
"A cultura é uma comunidade de fé."
Difícil a Escola sentar-se à direita do Pai... aqui e ali, uma ou outra ave de catequese de domingo debicando a revista Maria. Para quê ler o difícil? A Escola amamenta seres funcionais, não pensadores. Cada vez que leio um clássico dá-me vontade de me sentar à mesa de Gogh a descascar e a comer batatas, emudecida, qual orelha cortada. Não serve para nada e enquanto me dirijo, rendida, para a tal da revista sinto o meu corpo metamorfosear-se na linha darwiniana, o cérebro a definhar e, no final, a conseguir só ficar-me pelas imagens... e nem essas chego a perceber.

perhaps disse...

Concordo e discordo. Uppsss. Concordo que esteja tudo nos clássicos. O Homem é o mesmo, mais coisa menos coisa. E o mundo percebido e pensado pelo tal mesmo homem, também não me parece que possa ter grande mudança. refiro-me, claro, àquilo que define cada um dos intervenientes.
Contudo, a realidade não parece monótona. Os erros e os feitos podem ser os mesmos; ou semelhantes. Mas são novos para cada homem. É verdade, o passado dá-nos lições, mas se nem as nossas próprias lições aprendemos - quanta vez repetimos o mesmo erro - como aproveitar as de outros senão por experiência.

Anónimo
Não me importava nada de me sentar à mesa com Gogh. Sem ele, não vejo grande interesse em batatas. Mas os quadros são lampejos fulminantes.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Que remete a gosto "clássico espiritualizado". É importante estudar a história e produzir textos de qualidade. Encontramos esta qualidade (afinidade) em personagens que através da boa ação (intenção) a bem intencionados, abraçaram causas específicas.

A arte é bela.

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